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SUMÁRIO / Sumário

A iluminação e o vídeo do Rock in Rio

23/10/2022 - 10:49h
Atualizado em 10/11/2022 - 06:48h

 

Reportagem: Miguel Sá | Fotos: Miguel Sá, Divulgação, RioTur (Thiago Lara), Leo Costa, reprodução redes Rock in Rio / Ludmilla.

 

A luz também é parte fundamental do show. Os nove palcos do evento - Palco Mundo, Palco Sunset, Palco Favela, Supernova, New Dance Order; Rock District, Highway Stage e Rock Street Mediterrâneo – e diversos locais de ativação dos patrocinadores, entre outros espaços, foram atendidos pela LPL. A iluminação foi montada pela LPL a partir dos projetos de Terry Cook, da WDB.

 

Foi em fevereiro de 2022 que aconteceu a confirmação da realização do Rock in Rio na cidade de origem. Com mais de 20 anos de atuação na área de iluminação, Caio Bertti é sócio da LPL com Rafael Auricchio, Bruno Limae mais os sócios fundadores  Cesio Lima e Luiz Auricchio. Desde 2015 a LPL é a responsável pelos serviços de iluminação no Rock in Rio. “Sabíamos da intenção de realizar o Festival este ano, mas a confirmação foi ali. Soubemos que voltaria quando anunciaram o Rock in Rio Lisboa. Naquele momento também já anunciaram a pré-venda do Rio de Janeiro, mas as reuniões nunca pararam. Desde 2020, nós continuamos falando sobre o que tinha sido legal e o que dava para melhorar de 2019, mas 2022 foi o ano em que realmente documentamos tudo. Por exemplo, a planta (do Rock in Rio no Brasil) saiu após o Rock in Rio de Lisboa. Demoramos um pouco para determinar como seria feita, mas em agosto ela já foi enviada para todas as bandas”.

 


Equipe de produção da LPL

 

Para dar conta de toda essa estrutura, não basta a competência dos profissionais de iluminação. A LPL tem uma equipe de produção para fazer todo o meio de campo com a organização do Festival verificando necessidades e dando total condição para a equipe técnica se preocupar apenas com a luz. Com trinta anos de experiência em produção, trabalhando desde eventos culturais internacionais até em outras empresas de iluminação, Patrícia Rodrigues está na LPL desde abril cuidando da parte de produção da empresa no Rio de Janeiro. “A LPL me convidou para trabalhar com eles neste ano. Eu já conhecia o Cesio Lima e o Caio, mas não havia trabalhado diretamente para eles. Foi uma experiência maravilhosa principalmente por duas coisas: primeiro, os sócios estão ali no trabalho. Não ficam atrás da mesa. Em segundo lugar,eles tem essa sensibilidade de que uma equipe de produção pode fazer a diferença e a LPL tem uma equipe muito forte na área”, comenta a produtora.

 


Espaço Favela

 

Pré -produção e produção

Antes e durante o Festival, a produção lidou no trato direto com a produção do Rock in Rio, intermediando o contato com a Equipe técnica da LPL, cadastro e levantamento de documentos de empresas, tanto LPL como empresas parceiras, organização de toda a documentação das equipes técnicas e exigências de segurança de trabalho, credenciamento de Equipe LPL e parceiros, credenciamento de veículos e caminhões, cronograma de carga e descarga durante todo o Rock in Rio, orçamentos, controle de trabalho das equipes técnicas, pagamentos, hospedagem, compras, controle de catering, etc.

 

Em agosto já aconteciam as primeiras atividades de pré-produção no Rock in Rio, com reuniões e visitas técnicas ao local do Festival. Tudo foi feito com pleno trânsito de informações e atividades entre a equipe de produção baseada em São Paulo, coordenada por Luiza Bianchi, com Shirley Costa prestando o apoio direto ao Rock in Rio, e o Rio de Janeiro, com Patrícia Rodrigues.  “Quando comecei a fazer as visitas, os contêineres não tinham nem ar-condicionado ou wi-fi, e comecei a ir lá preparar isso: abastecimento, internet, etc. Isso para que quando o pessoal de São Paulo chegasse já estivesse tudo organizado, porque uma coisa pequena dar errado já pode atrapalhar. Depois acompanhei o Caio em reuniões, visitas técnicas, testes de luze o caminho já ficava mais claro para determinar quantidade de pessoas na equipe. Essa produção foi um trabalho em equipe mesmo. Veio uma galera grande de São Paulo ajuda na pré-produção. Se eu estavaem campo aqui, alguém lançava orçamento e a gente fazia uma força tarefa”, detalha Patrícia, que, além do suporte de Shirley Costada equipe de São Paulo da LPL – teve, no decorrer do trabalho, o apoio de Karina Fermi, Roberta Fujita e Paolla Piana, que foram de São Paulo para o Rio de Janeiro compor a equipe para fazer tudo funcionar, dando o suporte de campo enquanto a parte da produção em São Paulo continuou cuidando, também, da parte burocrática.

 

Méritos ao renato e lucas que produziram os eventos eternos junto ao rock in rio 

 

Já durante o evento, as demandas mudam um pouco, mas continuam fortes. “Tem que dar conta de gerir a equipe e dificuldades que, por mais que se organize tudo, acontecem. Olhamos desde contrato, atendimento ao cliente e outras questões do dia a dia. Um problema no gerador, alguém falta, tudo isso a gente resolve, e eles continuam focados na entrega da parte técnica.”, completa Patrícia, que comemora também a abertura que percebeu na LPL para as mulheres em todas as áreas da empresa, desde a produção até à iluminação.

 

No total, trabalharam cerca de 170 pessoas entre pessoal diretamente da LPL e empresas parceiras, com os trabalhos divididos em dois ou rês turnos. “Tenho que destacar o esforço da equipe. Teve muita gente nova do mercado, trabalhando no Rock in Rio pela primeira vez. Sofremos sim o que o mundo inteiro está sofrendo. Infelizmente nosso ramo perdeu muitos profissionais qualificados para outros segmentos, e vai demorar um tempo até conseguir repor a falta, mas fomos bem-sucedidos. Todos trabalharam muito bem. Foi um recorde, fizemos seis patrocinadores, mais de 12 locais além de dois meeting points externos ao Rock in Rio, e isso somente o que estava envolvido direto com o Festival. Teve também side shows, turnês, tudo o que aconteceu no Espaço das Americas, Arena Pacaembú e nos estádios pelo Brasil afora. Foi a nossa temporada recorde da nossa história. O volume do mês de setembro foi superior aos anos de 2020 e 2021, isso em relação a quantidade de equipamento alugado em sua totalidade”, completa Caio Bertti. A parte de eventos externos ao Rock in Rio teve o suporte de Renato Berto e Lucas Reyes.

 


Caio Bertti em ação durante o Rock in Rio

 

Light design, montagem e logística

A parte de lighting design dos palcos Mundo, Sunset, New Dance Order e toda a ativação do Rock in Rio ficou, novamente, por conta de Terry Cook, da WDB. Terry veio ao Rock in Rio com dois assistentes e Patrick Woodroffe, sócio da WDB, acompanhou um dos fins de semana do Festival. “Cem por cento da gestão, da organizaçãoe concepção de estrutura e rigging foi feita pela LPL. Também tivemos a autoria em alguns light design. Coube à LPL fazer o Supernova, o Uirapuru, a Arena Game XP, a Nave e algumas áreas de ativação do Rock in Rio”, aponta Bertti.

 

 

A montagem da estrutura da parte de iluminação do Festival começou pela área vip. “O mercado estava muito aquecidoe o nosso material estava disseminado em outros grandes eventos que vão desde turnês de bandas internacionais até festivais, como o de Barretos. Nomainstage, entramos com o gridno dia 15 de agosto, antes até de o piso estar pronto. A luz em geral,em todas as áreas, começamos no dia 20 de agosto. Todo este equipamento está em rede e, para o trânsito da informação, o Rock in Rio possui uma malha de fibra ótica oferecida pela Infoview (empresa responsável também pela parte do vídeo) para as torres de delay por onde vai tanto o áudio como a luz. A housemix do mainstage também está ligada com zipline, com a torre da Heineken, a área vip, housemix e torres com luzes de plateia (nas torres de delay). Temos vários momentos em que controlamos tudo - tirolesa, chegada e saída de zipline, área vip, as luzes de plateia nas torres de delay  todo o palco com cenografado FOH - a partirde um único ponto” detalha Bertti. A sincronização acontece a partir de uma trilha de timecode que, ao ser disparada, pode se tornar trigger para tudo.

 

 

Novos equipamentos

A cada ano, as soluções tecnológicas proporcionam mais possibilidades. Por outro lado, isso faz com que o trabalho fique mais complexo e a empresa tenha que correr, sempre, atrás dessas inovações, como expõe Bertti. “Optamos por comprar algumas coisas, principalmente mesas. O sistema com a Grand MA3 é mais robusto estável que o sistema Grand MA2. Isso foi uma grande diferença. Compramos seis mesas MA3. Compramos também muita coisa de infraestrutura, main powers, etc. Optamos por fazer um dos palcos, o New Dance Order, com 100% de equipamento IP65, o que foi uma novidade para o país, porque é uma tecnologia nova. Foram mais de 200 equipamentosIP65, refletores de led e moving lights da marca GTD e BSW. Tudo sem necessidade de proteção de chuva, o que facilitou muito porque o palco estava exposto, choveu muito lá e tudo funcionou muito bem”.

 

 


FOH da LPL com as Grand MA3

 

Caio Bertti também chama atenção para a inauguração do departamento de LED da LPL. “Não foi exatamente específico para o Rock in Rio, mas foi a inauguração do nosso departamento de Led. Temos uma quantidade com grande relevância no mercado. Usamos nosso painel de LED no show da Ludmilla, 3.9 mm outdoor. Também utilizamos o 2.6 mm indoor em algumas ativações de patrocinadores corporativos”.

 

 

O trabalho nos palcos e a relação com as produções dos artistas

 


New Dance Order

 

Existe um fluxo de trabalho importante para que tudo funcione bem. O fato de a LPL já estar há alguns anos trabalhando no Rock in Rio facilita para que as coisas andem bem no contato empresa de iluminação, light designers e Festival.  “No New Dance Order, esse contato (entre LPL e artista) é feito através do Rodolfo Tavares. Ele fez o encaminhamento do showfile que foi desenvolvido pelo Terry Cook junto com o programador do Rock in Rio que foi o Sodré ..A maioria dos light designers já chega com o showfiledeles pronto e, se necessário, vai para o estúdio 3D, afina e manda ver. Tem gente que só chega, bate as posições - hoje em dia você pega a posição de um showfile e do outro - e tá pronto”.

 


Palco Mundo

 

No Palco Mundo e no Palco Sunset, a negociação de como adaptar o projeto original e os pedidos dos artistas fica por conta de  Terry Cook. “Ele pega todas as informações com o gerente de produção, que é o Maurice Hughes, e faz um e-mail copiando todo mundo para o primeiro ‘hello’. Na LPL, quem participa é o Sergio Grandini, eu, o Paulo Lebrão, o Renato Matsubara - que é o meu projetista líder - e eles copiam também toda a parte de produção”. Explica Caio Bertti, qie prossegue:  “são distribuídos links de Dropbox. Nesses links todos os artistas acham as plantas, o showfile inicial e tudo o que é necessário para começar. A partir do que o artista pede de mudança,negociamos e adequamos caso a caso. Costumam ser trocados algumas dezenas de e-mails até o resultado”.

 


Palco Sunset

 

Se algum ajuste ainda for necessário, o light designer do artista ainda tem à disposição os estúdios 3D. “Elestêm garantido quatro horas no estúdio 3D e somente o headliner, quando solicitado, pode programar na madrugada (anterior ao show). Mesmo ele só pode ficar com o equipamento ligado até as seis da manhã. Isso porque desligamostudo às seis para preservar a integridade física do equipamento e não dar um overheat coma lâmpada, por exemplo. Só voltamos a ligá-lo uma ou duas da tarde para line-check”, diz Bertti.

 

 

Demandas específicas

Todos os artistas não abrem mão de deixar uma marca própria no Festival, e a LPL procura atender a isto. “Podemos destacar muitos artistas nacionais que trouxeram seus conceitos: Ivete Sangalo, Iza, Capital Inicial e o próprio Djavan, entre outros. Com certeza a Ludmilla ganha o destaque. Ela trouxe mais de 20 carretas entre equipamentos e cenografia. Só da LPL foram três viagens.Tinha desde motoresa uma centena de moving lights e 94 ribaltas que foram compradas para a cenografia. Ela utilizou, inclusive, um sistema de canhão seguidor recém-lançado no mundo: ozactracks. Ela usou dois tags no corpo que faziam com que dois moving lights servissem de canhão seguidor ” destaca Caio Bertti.

 


Ludmilla

 

O show de Ludmilla teve o seu projeto de iluminação feito por Mariana Pitta - que trabalha na LPL e tem a própria empresa, a Lab, que trabalha em parceria com a LPL em diversos projetos - e foi acompanhado de perto por Cesio Lima. “Tinha um desafio muito grande porque era muita coisa para entrar em uma hora, e acho que entregamos a encomenda. Claro que show de festival é essa correria, mas estou feliz com o resultado”, comemorou.

 

No Palco Mundo, o Coldplay foi quem mais trouxe equipamentos próprios. “Eles trouxeramtodas as luzes de chão. Com certeza o Alok também foi um peso pesado. Ele investiu em um kit parrudo para fazer a sua performancee tivemos que fazer uma pré-produção específica. O Capital inicial fez o show igual ao da gravação do DVD, com light design do Césio Lima e de Sérgio Almeirda. Dos internacionais, fizemos grandes entregas com recurso próprio para Camila Cabello, Dua Lipa e Iron Maiden, que estava em turnê com a LPL”, detalha Caio.

 

A fachada nova do Festival também precisou de equipamentos novos, representando um desafio para a LPL. “Tivemos  a compra de mais de 100 movings de led wash. A instalação foi difícil e tivemos de contar com um time de riggers de altíssimo nível e comprometimento”, destaca Caio Bertti.

 

 

Apoios

Claro que, em um evento deste tamanho, a LPL precisou contar com diversos apoios.“Quero agradecer as empresas que ajudaram, a Apple, a Muzik, Laroiê, a Sky Truss, Rentale, em especial, a Novalight, uma parceira de longa data, o Vicente vitale foi presencialmente todos os dias, se doou muito ao Festival. Sentimos que a cultura da LPL e da Novalite se misturam, essa entrega dos donos nos eventos, com total apreço, carinho, atenção, atendimento e seriedade. Agradecemos também a tantos outros fornecedores do nosso mercado de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Bahia, Brasilia, Goiás...Todos colaboraram, seja com uma máquina de fumaça ou uma centena de equipamentos. A LPL é muito grata ao nosso mercado por abraçar o Rock in Rio e possibilitar que nós sejamos a empresa coroada pelo atendimento desse festival internacional, que poderia trazer qualquer empresa do mundo para fazer, e deixa para nós essa responsabilidade”.

 

 

Vídeo

 

Atrás do Palco Mundo ficavam as instalações da Infoview: empresa responsável pelo vídeo do Rock in Rio, como explica Fernando Carvalho, diretor técnico da empresa. “Fazemos o corte para os painéis simultâneos (na lateral do Palco Mundo). Mas também gravamos todas as câmeras isoladas, além dos PGM (o corte final de cada show) para o arquivo do Rock in Rio”, explica.

 

Este sinal é transmitido na  TV Rock in Rio, com distribuição fechada. O trânsito desse sinal vai por todo o local do Festival, desde o pórtico de entrada. Tudo o que é transmitido de um determinado palco pode ser apresentado no telão de todos os outros. “Tem essa opção de passar, durante o intervalo, o show de um palco em outro. Fazemos a transmissão e distribuição de vídeo pelo parque inteiro, incluindo os palcos específicos, camarins, área vip, todos os backstages e todos os palcos”, detalha Fernando.

 

A grade de comerciais do Palco Mundo e do Palco Sunset também é veiculada nessa emissora fechada do Rock in Rio. “Todos os breakes são diferentes um do outro. A grade muda todo dia um pouquinho. Tem uma gerência de conteúdo que determina os horários e no Rock in Rio isso acontece muito certinho”, diz Carvalho.

 

Para fazer os cortes, a Infoview usa a base de câmeras da Globo e também tem uma unidade móvel que, dependendo do artista, no caso de uma exigência em contrato, pode ser usada pela produção dele para fazer diretamente os cortes dos telões. Isso aconteceu, por exemplo, no caso de Iron Maiden e Dua Lipa.  “Eles assumem a unidade móvel umas duas horas antes do show e fazem corte da lateral e fundo do palco. Tem banda que traz microcâmera. O Coldplay usou pra caramba”, comenta o diretor técnico. Para isso tudo funcionar, são mais de 15 Km de fibra, além de mais de 40 transmissores e receptores. A Infoview faz ainda a transmissão de áudio para os delays a partir dos sinais gerados na housemix da Gabisom. 

 


Fernando Carvalho e Jodele Larcher

 

Músicas para veiculação

 

O mesmo corte final do show é usado para que a produção das atrações escolha as três músicas a serem usadas para veiculação pelos canais de mídia, seja na TV ou internet. Quem faz esse meio de campo entre as produções e o Rock in Rio é o coordenador de operações Jodele Larcher. ‘Eles escolhem as três músicas e nós trazemos elas para editar. Os artistas tocam 20 músicas e eles apontam, no setlist, quais serão usadas para veiculação. Eles podem indicar, por exemplo, a quinta, a sétima e a nona músicas”, explica o coordenador, que também leva a indicação para os responsáveis pela mixagem dessas músicas na Gabisom.

 

Três editores se revezam na ilha de edição.  A partir do momento em que recebem a relação de músicas autorizadas podem, eventualmente, reeditar as imagens usando imagens de fora do PGM original de acordo com a orientação da produção do artista, como explica o editor Frederico Bardini: “Às vezes o artista precisa de alguma coisa pontual. Reeditamos muita coisa de coreografia, por exemplo, que às vezes não aparece tanto no corte feito na hora do show, e eles querem que apareça”, detalha. Também na edição é feita a substituição do áudio original pelo mixado.

 

 

 

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