Uma instalação artística que é um circuito interativo localizado no prédio do AquaRio, no Rio de Janeiro: assim pode ser definido o Mar de Espelhos. A ideia nasceu a partir da instituição do ano de 2023 como o Ano Internacional do Vidro pela ONU. A instalação é formada por um conjunto de espelhos que criam ambientes inspirados nos oceanos, rios e horizontes. Tudo para criar uma viagem por um universo de sensações. No total são nove ambientes, sendo que sete deles tem conteúdo de áudio e um de áudio e imagem, com som e luz direcionados para criar uma experiência imersiva.
São mais de 1300m² de espelhos (768 peças), distribuídos em 650m² com ambientes imersivos e instagramáveis. São nove ambientes com algum tipo de interação e efeitos de som e luz. Os ambientes trazem referências a ambientes como geleiras, ao fim de tarde refletido sobre as marés, os picos que recortam a névoa nas manhãs e o reflexo dos edifícios. Tudo feito para gerar uma experiencia que provoque a reflexão, por parte do visitante, sobre a situação do meio ambiente.
Som e projeção
A parte do som e do vídeo foi construída por Marcelo Gargaglione, da G.A.S Instalações. Marcelo contou que foi chamado sabendo que seria feito um labirinto de espelhos. A partir do momento em que foi apresentado o projeto, avaliou as questões técnicas e os desafios que poderiam acontecer. Depois, começaram a ser apresentadas as soluções para os arquitetos. A partir disso, as soluções foram apresentadas aos clientes de forma que coubesse no orçamento. “Conseguimos superar essa etapa e a etapa seguinte, com as questões pertinentes à instalação propriamente dita, da parte de engenharia civil, de trabalhar junto com o pessoal da obra, montando aquela história toda lá”, comenta Marcelo. Foram três meses trabalhando na implantação do projeto em constante diálogo com a arquitetura.
O desenvolvimento do projeto envolveu também a escolha do equipamento e a operação no dia a dia. “Sabíamos que tínhamos de fazer tudo funcionar de forma relativamente simples. Fizemos um sistema bem fechado e com procedimentos simples, o mais automatizado possível. Quem opera é o pessoal de TI do AquaRio. Também optamos por equipamentos nacionais pela facilidade de reposição e pelo orçamento, e estamos bem satisfeitos com o resultado final”, diz o empresário. O sistema de áudio teve sua configuração final com 48 caixas de som Loud Áudi, dois Sub woofers, três amplificadores de quatro canais APL850, Processador de Áudio Digital, 1500 Metros de cabo Polarizado 2x1,5mm2, cinco pré-amplificadores Next Pro Pre-mixer Dual Zone, bastidor para equipamentos 20 U e seis tablets DL Mobi Tab TX384 7" 8GB com o conteúdo de áudio.
Na etapa seguinte, com o equipamento montado e tudo funcionando, havia um problema de interferência do conteúdo de áudio entre uma área e outra. Para resolver, foram trabalhadas questões de acústica e posicionamento das caixas de som nas salas, além do volume sonoro. “Tem uma parte delicada que é a do volume, que não pode ser nem alto demais para não chegar ao ponto de um ambiente interferir no outro, mas também não pode ser baixo demais ao ponto que não seja percebido. E a gente estava lá justamente dando suporte nesse sentido”, ressalta Marcelo.
Além da parte de áudio, a G.A.S também cuidou do vídeo na sala de projeção. Foram usados três projetores Epson Power Light 750N Ultra Short, configuração que permitiu usar uma tela de 200 polegadas com apenas um metro e meio de distância em relação a ele. O sistema foi instalado usando 300 metros de cabo CAT 6 Soho plus, três conversores 4K HDMI – Fibra Ótica, 400 metros de fibra ótica, e servidor de imagens i7 10 geração 16gb + SSD + RTX 3060. “Um dos problemas era a distância que o computador estava dos projetores, que dá aproximadamente 60 metros em linha reta. Então passamos as seis fibras óticas pelo teto. A comunicação entre o computador e os projetores é feita pelas fibras óticas. A segunda dificuldade era o suporte dos projetores, o que foi resolvido desenvolvendo um suporte customizado a partir de um suporte original Epson. A terceira dificuldade era o tempo para fazer tudo, mas conseguimos entregar no prazo”, detalha Marcelo.
O acompanhamento diário do funcionamento é feito pelo pessoal do próprio AquaRio, que recebeu treinamento específico. A G.A.S Instalações também faz um acompanhamento semanal para ver o andamento do trabalho e fazer a resolução de pequenos problemas que podem acontecer no dia a dia.
Sincronização com a iluminação
A parte da iluminação ficou por conta de Eduardo Nowak, da Tatil Iluminação. O trabalho mais complexo foi mesmo na sala de projeção, onde é necessária a sincronização de tempo e cores entre a imagem da projeção e a iluminação: quando a imagem é vermelha, o chão fica vermelho. Quando a imagem é azul, o chão fica azul e assim por diante. Tudo isso durante a projeção de um conteúdo com 7 minutos e 19 segundos. “Fizemos um trabalho em conjunto onde o Marcelo, que faz a projeção, solta pra mim um contato dos momentos que são determinados para ter o início e o fim do show de luzes. Com base nesse final da projeção eu determino e recomeço a sequência de luzes. Recebemos um sinal no momento que começa, um no momento em que para e outro no momento em que recomeça. Esses três momentos são marcados pelo timer da projeção que manda um contato para disparar dentro do meu sistema de automação uma cena de automação de iluminação”, detalha Eduardo. O comando em DMX que faz essa sincronização entre imagem e iluminação é gerado a partir do software MA. “O legal foi a disposição dos dois lados de achar uma solução. Compusemos uma solução bacana. Foi um trabalho a quatro mãos”, reforça Eduardo.
Eduardo explica que o trabalho dele foi ligado, basicamente, à automação. “Isto significa ter uma sequência de leds andando dentro da sala ou o mudando a dimerização, por exemplo. Tudo isso foi criado em conjunto com a arquitetura. São nove áreas no total, contando a recepção, sendo que, dessas nove, cinco áreas estão com iluminação dinâmica, com alteração de brilho ou sequência. Controlamos também a parte de fumaça de um ambiente chamado Bruma. Tem uma máquina de fumaça lá para criar uma névoa que é controlada pelo nosso sistema. Toda a atração está dentro da automação, porém apenas cinco ambientes tem mudanças dinâmicas de iluminação, os demais são estáticos”, ressalva.
Os equipamentos de iluminação utilizados foram, basicamente, fitas de LED embutidas em perfis com difusores para que as fitas de led não apareçam com todo ele controlado em corrente DC - corrente continua - que permite mais precisão de controle. “Isso tudo tem uma central que é o cérebro dessa inteligência de cena com as diretrizes passadas pela arquitetura e, devagarzinho, fomos montando as cenas até chegar no ponto que entendemos o mais adequado”, indica Eduardo.
O Mar de Espelhos foi desenvolvido pelo AquaRio, em parceria com Instituto do Vidro com projeto assinado pelo escritório Cité Arquitetura, dos sócios Celso Rayol e Fernando Costa. Também ajudaram a viabilizar o projeto a parceria firmada entre o aquário e o Instituto do Vidro, entidade administrada pelo Sindicato do Comércio Atacadista de Vidros Planos, Cristais e Espelhos do Rio de Janeiro (Sincavidro-RJ). A Cebrace patrocinou o espaço e forneceu os espelhos e vidros instalados.