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REPORTAGENS / Rápidas e Rasteiras

Música em destaque

15/04/2020 - 11:07h
Atualizado em 30/07/2020 - 09:12h

Nascido em Montes Claros (MG), o músico de 35 anos vive no Rio de Janeiro desde 2014. Para um violinista, a trajetória de Guilherme Pimenta não é a mais comum: começou a tocar o instrumento tarde, já aos 16 anos, após experimentar um pouco o violão e o baixo elétrico. Outra característica diferente é ter começado o aprendizado pela música popular.  "Aos poucos, fui conhecendo a música clássica, brasileira e outros estilos que me interessaram”, conta o violinista.

 

Depois que se consolidou como violinista, Pimenta entrou no conservatório e fez vestibular para o bacharelado em violino na UFMG; depois disso, morou dois anos nos EUA, onde fez mestrado em performance em violino em música clássica. No entanto,  não ficou satisfeito no ambiente erudito. A descoberta do choro e o gosto pelo improviso levaram o músico a outros caminhos. “Foi um grande desafio ‘virar essa chave’ pois o ensino do violino no Brasil é muito baseado na música europeia e não prepara os músicos para irem além desse estilo”, critica.

 

Como professor, Guilherme apresenta o workshop  Música popular e improvisação para cordas friccionadas em universidades brasileiras. Durante a carreira já gravou e tocou com Carlos Malta, Gabriel Grossi, Alma Thomas e Silvério Pontes, entre diversos outros.  Como integrante do grupo de MPB Papagaio Sabido, lançou o álbum Revoada, de 2017. Em 2018, lançou seu primeiro EP solo, o Violino na roda. Em 2019 foi a vez de lançar o álbum Catopé, financiado por crowd funding.

 

 

Guilherme Pimenta falou com a Revista Backstage sobre violino, música e novos rumos na carreira pós cornavírus.

 

 

Revista Backstage - De que forma a música gravada é importante na sua carreira?

Guilherme Pimenta - De todas as formas. Um das coisas que mais faz um músico crescer é buscar boas referências, ir atrás de trabalhos que tem a ver com o seu ou que podem "expandir" sua consciência do que a música pode ser. A música gravada é essencial seja como objeto de apreciação ou de estudo.

 

RB - Como foi a escolha da equipe técnica, do estúdio e dos músicos do álbum? Teve uma pré-produção? Ensaios?

GP - O Catopê foi gravado no Estúdio Frigideira que é comandado pelo grande amigo Guilherme Marques. o Gui é super eficiente, competente e escolhi esse estúdio por ele nos oferecer um clima tranquilo. Eu já havia gravado meu EP lá em 2018 e já serviu como um test drive. A experiência foi muito boa e resolvi voltar lá para fazer o disco. Os músicos que compõe meu quarteto (Lourenço Vasconcellos na bateria, Pablo Aruda no contrabaixo e Daniel Ganc no violão) são amigos muito próximos dos quais sou também fã e com quem tenho tocado semanalmente há alguns anos. Confio plenamente no trabalho deles e acho que meu trabalho se pontencializa com o talento deles. Chamei para produção musical o Luis Barcelos, que é uma das principais referências no bandolim brasileiro. Tenho acompanhado o trabalho dele há algum tempo e sempre admirei muito tudo que ele faz. Tive a honra também de contar com a participação de músicos que me inspiram bastante: Marcelo Caldi(acordeon), Gabriel Grossi(gaita) e Ricardo Herz(violino).

 

RB -Você discutia os aspectos técnicos da gravação? Qual microfone, posicionamento, comentários sobre timbre...  Gosta de ter envolvimento com a parte técnica ou se ocupa apenas de tocar?

GP - Discutia sim. Acho importante o músico saber um pouco como funciona a parte técnico pois o som do seu instrumento não pode ser responsabilidade apenas do técnico. Eu meu reuni com o Gui Marques para pesquisarmos qual som a gente deveria buscar e o que precisávamos para isso. Usamos como referência o album Tribute to Stephane Grapelli do violinista francês Didier Lockwood. O som do violino dele nesse CD está incrível. Fomos atrás de onde foi gravado, com quais mics, etc...

 

RB - Que tipo de retorno o lançamento de um álbum traz?

GP - Pra mim, ter um album lançado foi sempre uma questão muito importante. É como se você passasse a ter um RG no meio musical. Dá aquela sensação de "agora, eu estou aí...". Funciona também como um cartão de visita, além do retorno financeiro de quem ainda curte comprar CD. Logo depois que lancei, fiz uma tour com meu trio na Europa e vendemos bastante lá.

 

 

RB - Ainda pretende investir no formato álbum? Tem músicas em plataformas de streaming?  Contas em redes sociais, Youtube, etc?

GP - Prentendo continuar fazendo discos enquanto eu estiver vivo. Acho que faz parte do caminho natural do tipo de músico que escolhi ser. Tenho um canal no youtube, uma página de artista no facebook e um perfil no instagram. Minhas músicas estão em todas as plataformas.

 

RB - É possível dizer que tem uma nova cena musical no Rio? Talvez um pouco derivada daquele movimento que surgiu no antigo  Semente, da Lapa?

GP - Acho que sempre vai ter gente boa circulando e gente boa chegando. Um movimento gera outro porque as pessoas se influenciam. O Rio é uma cidade muito viva e pulsante. Fico triste quando vejo alguém com aquele velho comentário: "hoje, não há mais música de qualidade". Só no meu círculo de amigos, vejo tanta gente fazendo música nova, potente, que dá vontade de fazer isso chegar ao máximo de pessoas que eu puder. Existe muito público aí, carente de coisa boa e querendo conhecer outros universos. O problema que a gente enfrenta diariamente é como atingi-las. Mas sigo tentando e acreditando no poder da arte.

 

RB – E como você vê a pandemia do coronavírus?

GP - Estou lidando como a maioria dos músicos. Tentando se reinventar, trabalhando de casa, fazendo as lives mesmo, que é o que tem substituído os shows... É o que tem nos colocado em contato com o público que costumava ver a gente. E também ficando atento aos editais. Como está tudo se transformando, todo mundo tentando se adaptar, tem aparecido editais voltados para produção de shows em casa, então tento ficar ligado nessas coisas.

 

RB – Já dá pra monetizar as lives?

GP – Em algumas das lives, que foram ao ar por conta de alguns festivais, rolou um crowdfunding, mas não foi nada significativo. As pessoas ainda estão um pouco relutantes em pagar para assistir live, então ainda estamos descobrindo como fazer essa monetização, mas tenho também buscado outros meios. Estou dando bastante aula pela internet, estou com um projeto permanente pelo apoie-se, que é tipo um Patrion, onde os fãs dão um suporte mensal para o artista. Estou entendendo, estudando e indo atrás desses meios que estão surgindo.

 

Para saber mais, acesse:

https://apoia.se/guilhermepimenta

 

Site oficial:

www.guilhermepimenta.com


Facebook

https://www.facebook.com/guilhermepimentaviolino/

 

Instagram:
@guiviolino

 

 guiviolino@yahoo.com.br (e-mails para aulas remotas)

 

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