A AES LAC 2020 é o grande evento latino-americano da Audio Engineering Society. Devido à pandemia do novo coronavírus foi feito, pela primeira vez, de forma totalmente virtual. Foram mais de 50 eventos agendados realizados entre 21 e 24 de setembro: 39 palestras sobre os temas mais diversos do áudio além de atividades como workshop sobre áudio imersivo, visitas técnicas virtuais, masterclasses e a competição estudantil de mixagem. O evento seguiu o modelo da Convenção virtual da AES realizada em Viena, no mês de maio.
Joel Brito, o responsável pela condução do evento AES LAC 2020, concedeu entrevista exclusiva para a Revista Backstage explicando a realização e fazendo um balanço do evento. Confira!
De que forma a pandemia afetou os planos da AES Brasil deste ano?
Resumindo, a LAC 2020 que era para ser presencial virou um evento na internet
Quando perceberam que não seria possível fazer o evento presencial?
A decisão foi tomada no início de junho, quando analisamos os critérios e estágios sendo adotados pelos governos para realização de atividades.
Fazer o evento por meio de videoconferências foi uma decisão imediata ao se perceber que não seria possível fazer o evento presencial?
Já era um cenário. Uma vez que se constatou em qual estágio estaríamos, a decisão veio naturalmente
Os participantes já tinham sido convidados antes? Houve alterações a partir do momento que se decidiu que o evento seria por videoconferência?
Diversos participantes já tinham sido contatados e havia disposição de muitos para virem ao Rio de Janeiro. Isso talvez tenha sido a maior perda do evento. As pessoas queriam muito mas não puderam visitar a Cidade Maravilhosa.
As principais alterações foram com palestrantes que antes tinham dificuldade de agenda para viajarem. Uma vez que a participação passou a ser virtual, tivemos até oferecimentos de palestras que tivemos que recusar por falta de horários.
Que decisões técnicas tiveram que ser tomadas a partir do momento que foi tomada a decisão de se fazer o evento via videoconferência? Como foi a montagem desse centro de conferências virtual (salas virtuais, homenagens, formas de transmissão...)? Foram feitas reuniões?
Foram feitas muitas reuniões. Muitas mesmo. Não foi trivial elaborar e implementar toda a estrutura de fluxo pelo Centro de Convenções, estruturar salas para que tivessem não só a tradução simultânea mas também o envio de áudio de alta qualidade para que os participantes pudessem ouvir as demonstrações de forma adequada. Principalmente na Competição Estudantil de Gravação, nas Masterclasses e Workshops.
Pode detalhar o aparato técnico para viabilizar o evento?
Foi parte programação de nossa parte, parte contratação de serviços especializados. E a operacionalização envolveu um sistema de monitoração e controle das salas com redundância em Montevidéu e no Rio de Janeiro. Além do plantão dos programadores, que estavam na França, e o suporte de hospedagem que foi nos Estados Unidos. Fundamental também foi a equipe de voluntários nas salas e visitas virtuais, encabeçados pelos nossos dois mestres de cerimônias, as faces públicas do evento, Karen Ávila e Flávio Bonanome.
Que balanço pode ser feito do evento? O que permanece a partir do momento em que for possível fazer um evento nos moldes tradicionais? O que não volta atrás?
O evento foi um grande sucesso. Tivemos cerca de 7000 participações individuais de um grande número de países. O Brasil, como era de se esperar, foi a maior parcela, com cerca de 30% dos participantes.
Evento presencial não vai acabar. Pelo menos não deve acabar pois tem um valor agregado e diferenciais que um evento virtual ainda não consegue suprir. Por outro lado, o evento virtual traz novas possibilidades e oportunidades. Além da conveniência para aqueles que não podem viajar por algum motivo. Tanto que em São Paulo já estão sendo feitos novamente, adequando-se às novas regras de resguardo e capacidade de público.
Algo mais que queira comentar?
Eu acho que, como em todos os eventos da AES, foi uma excelente oportunidade de aprendizado. Esta ainda mais pois tivemos a presença de pessoas cuja agenda impedia a vinda ao Brasil. Os participantes tiveram oportunidade de assistir as melhores palestras para áudio profissional na América Latina em um evento sem fins lucrativos em que a curadoria do conteúdo não sofre influência comercial.