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TBT Backstage: A 3ª edição do Rock in Rio Lisboa

20/08/2020 - 14:14h
Atualizado em 01/10/2020 - 16:56h

#TBT Backstage

Hoje o assunto do TBT Backstage é Rock in Rio Lisboa. Em 1985 a Clair Brothers veio ao Brasil mostrar a tecnologia de ponta em grandes shows. Nos anos 2000 foi a vez da Gabisom levar a competência do Brasil em sonorização para o mundo. Na edição 165, de agosto de 2008, Renato Mendes fez uma matéria detalhada entrevistando os responsáveis pelo som, luz e produção do evento na Europa.

 

Boa leitura!

 


De Lisboa, Renato Mendes Fotos: Divulgação / Agência Zero / Renato Mendes

 

O Rock in Rio Lisboa é o primeiro grande festival de música, que antecede o verão na Europa. Em Portugal não é o único, mas é o maior, além de ser também o precursor de um período musical intenso, com shows acontecendo de norte a sul do país.

 

Durante os cinco dias de shows, a 3ª edição do Rock in Rio Lisboa – RiR Lisboa – levou 354 mil pessoas ao Parque da Bela Vista, região central da capital de Portugal, nos dias 30 e 31 de Maio, 1º, 5 e 6 de Junho. O público assistiu às bandas vindas de várias partes do mundo, distribuídas em três palcos. 

 


 

Confira abaixo as entrevistas com os responsáveis pelo som, luz e produção do evento:

Nico Gomes (Diretor Técnico do RiR Lisboa), Peter Racy (Engenheiro de Som da Gabisom), Santiago Ferraz (Broadcasting e Shows Internacionais da Gabisom), Danny Nolan (Lighting Designer), Caio Bertti (Lighting Designer) e Daniel Ridano (Responsável da Empresa Ma Lighting para a América Latina).

 

 


 

Quais são as suas responsabilidades no RiR Lisboa? 
Nico Gomes – No RiR somos dois, eu e o Morris; o trabalho da gente é receber as informações dos artistas e supervisionar todas as necessidades técnicas do RiR, sejam elas som, luz ou vídeo. Através de conversas com o staff dos artistas vamos reunindo todos os equipamentos de que precisamos e montando o quebra-cabeça.

 

Pode dar alguns números da área técnica? 
NG – Estamos com 120 PAs, o que hoje em dia é um luxo. Este ano, resolvemos colocar duas colunas extras para dar, a quem quiser, a possibilidade de separar as vozes dos outros instrumentos. Como resultado, temos as vozes mais limpas e ressaltadas. Temos 7 carretas de som, 14 de luz e 3 de vídeo. Na parte de cenografia temos 15 toneladas de material. Quanto a empresas parceiras, temos: a Gabisom (Brasil) fazendo o som; a Procom da Alemanha na luz, também responsável pela ligação de todas as televisões que fazem cobertura na Cidade do Rock; a XL Vídeo da Bélgica, que é a fornecedora dos LED Screens e a Perry dos andaimes.

 

 

Quais foram os critérios que você utilizou para escolher as empresas? 
NG – Temos por norma, aquilo que dá certo, aquilo que é bom, nunca mudar. A Gabisom já vem com a gente do Brasil. Infelizmente trazer luz do Brasil não é muito possível, é mais complicado, pois como eu Q Nico Gomes Entre a chegada de uma banda, instruções aos técnicos no backstage e telefonemas, a Backstage conseguiu alguns minutos com o diretor técnico do RiR Lisboa, Nico Gomes. Ele nos deu, através de números, uma idéia da dimensão de um dos maiores e mais conhecidos festivais do planeta. Diretor Técnico do RiR Lisboa Entrevista disse são necessários 14 caminhões de iluminação.

 

Qual o valor dos equipamentos? 
NG – Temos em equipamentos mais de 4 milhões de euros em som e 4 milhões de euros em equipamentos de luz.

 

Como é feita a transição entre os shows? 
NG – Eu entrego à equipe as pastas de todos os artistas, contendo todos os canais e eles fazem o mapeamento de cada palco, juntamente com a equipe de stage management e da Gabisom. Todos têm tudo marcado, todo mundo sabe exatamente o que fazer.

 

Quais são as principais diferenças entre os três palcos? 
NG – No palco principal fazemos o som para 80 mil pessoas, o Palco Sunset possui uma área menor, que demanda menos som; é um palco diurno, por isso tem uma luz básica, mas sempre há a preocupação, tanto é que temos lá uma mesa digital e outra analógica para atender a três artistas por dia. Na eletrônica é o básico, temos a V-Dosc que é fantástica para este tipo de festa. Nós dimensionamos de acordo com o espaço que temos. Logicamente a maior parte é no Palco Mundo, que é a estrela do show.

 

O que você pode dizer sobre os painéis fotovoltaicos instalados? 
NG – A idéia dos painéis solares é mandar uma mensagem que queremos fazer um show mais limpo. Colocamos estes painéis, mas infelizmente a energia que geram ainda é muito pouca, seria suficiente somente para atender a uma pequena parte da necessidade da energia utilizada por alguns escritórios montados no backstage. Muitas das lâmpadas que estamos utilizando no show são LEDs de baixo consumo. É um sonho do Roberto Medina um dia fazermos shows com painéis solares, mas acho que ainda vai demorar muito.

 

Qual a necessidade de energia para o show? 
NG – Somente no Palco Mundo estamos com 1.200 kW para luz, 800 kW para som, e 300 kW para vídeo, tudo bem dimensionado, pois usamos 50% desta carga. Usamos tudo em paralelo, para não forçarmos os geradores e para trabalharem a 30% cada uma, o que também ajuda na redução da poluição e no desgaste da máquina.

 

Quais são as alterações para o RiR Madrid? 
NG – O PA vai ser maior em Madrid. Aqui nós estamos em um vale, o que faz com que o som fique dentro de uma espécie de túnel, ao contrário de Madrid, onde estaremos abertos. Aqui nós temos 120 caixas, em Madrid serão 144, mantendo a coluna tripla para a voz de forma a ampliar as colunas externas. Lá em Madrid eu preciso de mais largura. Quanto à luz, a área a ser coberta será quase a mesma.

 

E quanto aos investimentos em Madrid? 
NG – Lá o investimento será maior por ser o primeiro

 


 


 

Como foi feito o planejamento da sonorização do local? 
Peter Racy – Já conhecíamos o local, pois foi a terceira vez que montamos ali. O plano básico já havia sido elaborado e testado com sucesso em anos anteriores. Este ano, procuramos incrementar o sistema dando um ganho quântico. Foi decidido que implementaríamos uma idéia pouco usada, que lembra um pouco uma experiência feita nos anos 60 pelo Grateful Dead, com o seu histórico “wall of sound” – em que cada instrumento tinha seu próprio PA em fly. Desta maneira, montamos um Line Array Vertec 4889 tradicional com subs – no fly – na quarta via do LR, ao qual seria enviado apenas uma mix da banda sem voz. A isso acrescentamos um outro Line Array montado, colado aos subs que seria utilizado apenas para voz. Chamamos este sistema de “Sideby-Side”. A vantagem é que ganhamos um PA inteiro para voz, trazendo maior potência e clareza, tanto para o som da banda, como para o som da voz. Todo o fluxo do sinal foi otimizado de modo que havia maior “headroom” em todos os estágios. É claro que este é um luxo que não seria justificável em qualquer evento, mas a magnitude de um RiR clama por um sistema deste porte.

 

Quais equipamentos vocês usaram para fazer as medições? 
PR – Foi usado o Smaart versão 6 para alinhar o sistema.


 

A configuração é parecida com algum show de grande porte que fizeram anteriormente?
PR – Em 1999, durante a turnê do Back Street Boys pela Argentina e Brasil, havíamos testado com sucesso uma configuração parecida, em que voz e banda usavam colunas separadas.

 

 

Como as caixas estão posicionadas em relação ao público? Qual o motivo desta opção? 
PR – Basicamente são quatro clusters na frente, os principais enquadrando a boca de cena, e os “outer-fills” nas laterais. Desta maneira conseguimos uma cobertura de 180º na frente, efetivamente sonorizando toda a área de público defronte ao palco. O espaço abre em leque nos primeiros 150m, de onde começa a estreitar novamente em direção ao fundo. Forma-se praticamente um hexágono de 280m de comprimento por 240m de largura. Para sonorizar este grande espaço, montamos 4 torres de delay em linha a 80 m e mais duas torres em linha a 160m. Cada torre de delay contou com 12 Norton LS-4.

 

 

Quais são as marcas e modelos dos equipamentos? 
PR – PA: 112 JBL VERTEC 4889, 56 SUBS 4880A. (Fly) 40 Subs Meyer 700HP (piso). Delay: 72 LS-4 da Norton distribuídas em 6 torres com 12 em cada Front fill: 8 JBL VRX.

 

 

Por que foram escolhidas estas marcas específicas e modelos de equipamentos? 
PR – Estas decisões são motivadas por um conjunto de fatores, entre eles: performance, aceitação em riders técnicos, fatores comerciais, estratégicos e logísticos.

 


Que alterações foram necessárias para incorporar as caixas dedicadas à voz? 
PR – O drive do sistema ficou bem mais complexo além de exigir um número elevado de sinais para conectar tudo. Cada console enviava 5 sinais ao drive. Estes sinais eram gerenciados através de uma matriz de mixers, de onde também criávamos um down-mix stéreo dos stems de voz e banda. Este down-mix era enviado para os locais que não contavam com sonorização side-by-side: front fills, delays, studio, área VIP, imprensa, etc.



Houve alguma exigência por parte de alguma banda? Quais foram? 
PR – Os técnicos de cada artista enviam o seu rider técnico, em que especificam suas necessidades e preferências no que diz respeito ao console, ao PA, aos periféricos, etc. A Gabisom tem como meta cumprir à risca todas as exigências de todos os riders, com um mínimo de substituições. Nós também primamos pela igualdade de condições oferecidas a todas as bandas. Procuramos oferecer as melhores condições a todos, sem discriminação devido ao status do artista. Um ponto interessante foi a aceitação do side-byside. Nenhum dos técnicos havia usado um sistema desse antes, mas a maioria topou a novidade e reconfigurou o endereçamento do seu console para se adequar ao novo sistema. Os comentários foram todos muito positivos, poucos mantiveram o sistema convencional.

 


Lista de equipamentos colocados pela Gabisom à disposição do RiR Lisboa:
 

PA:
112 JBL VERTEC 4889,
56 SUBS 4880A. (Fly)
40 Subs Meyer 700HP (piso)

Delay:
72 LS-4 da Norton distribuídas em 6 torres com 12 em cada.

Front fill 8 JBL VRX

Consoles PA
2 Midas XL4
2 Digigdesign ( 1 Venue, 1 Profile)
1 Digico D5
1 Yamaha PM-5D

Consoles Monitor
2 Midas H3000
2 Digigdesign ( 1 Venue, 1 Profile)
1 Yamaha PM-5D

Consoles Studio
1 Digidesign Profile
1 Digidesign Icon


 


 

Qual a sua função no RiR Lisboa?
Santiago Ferraz – Estou administrando o aspecto operacional, logístico e burocrático, no que diz respeito ao áudio do RiR. Este ano não estou mixando, o Rodrigo Vidal e o Marcelo Ferraz ficaram com esta parte. Estou por aí verificando delays e mesas, me certificando de que está tudo em ordem, além de atender às solicitações dos artistas e managers das bandas. Diferente dos anos anteriores em que estava muito envolvido com a parte técnica, este ano estou fazendo mais a gestão.



Quais as diferenças entre o RiR 2006 e o atual?
SF – No RiR 2006 fomos pegos de surpresa porque existiam muitas coisas para serem feitas, como a mixagem simultânea 5.1, então tivemos que fazer várias coisas de pós-produção. Tanto é que eu trouxe uma mesa para pós-produção, que é o que eu realmente iria fazer aqui, pois sempre são 3 músicas para internacional; para estas é sempre necessário dar um refino maior, só que os artistas estão tão satisfeitos que nós não precisamos remixar nenhuma música.

 

Os artistas passam por este estúdio? Qual tem sido a opinião sobre o som?
SF – Estamos em um estúdio de mixagem para TV, independente do PA, com 2 Pro Tools, temos também caixas Dynaudio e uma Aiko para pós-produção, que até agora não usei porque todos os artistas aprovaram as mixagens. O Lenny Kravitz adorou, a Joss Stone ficou passada com o som que rolava na TV, até o show da Amy Winehouse estava rolando direito, embora ela não estivesse cantando bem. O Bon Jovi trouxe um técnico próprio para fazer a mixagem, assim como um técnico português fará a mixagem para o Xutos & Pontapés e também para o Moonspell. Temos um bom relacionamento com os artistas, empresários, e todo o staff.

 

O que você pode dizer sobre o sistema escolhido para sonorizar o RiR Lisboa?
SF – Posso te dizer que sou fã de V-Dosc, sou apaixonado pelo timbre, mas eu nunca ouvi nada como o som deste RiR Lisboa. O Gabi fez um sistema diferente, ele botou um PA separado para voz, e mesmo quem não está acostumado a isso também está usando.

 

Esse sistema com o PA dedicado à voz foi uma inovação?
SF – Isso a gente começou a discutir com a entrada no mercado de DVD para a música com 5.1. Quando começa a mixar 5.1 você percebe que soa tudo melhor, então através das conversas levamos isso para o PA.

 

Como tem sido a receptividade por parte dos operadores e engenheiros de som?
SF – Os técnicos estão adorando, estamos fechando um monte de turnês. Um dos técnicos do Lenny Kravitz elogiou a Gabisom, mexeu nos médios graves, até porque ele tinha um alinhamento meio pronto. Como passamos a usar a voz separada, ele fez um corte um pouco diferente alinhou o volume da coluna de voz diferente. Isso vai dar frutos para a empresa.

 

Como avalia o RiR Lisboa?
SF – Tudo aconteceu muito melhor do que planejávamos. Nós sempre trabalhamos com uma margem de risco, com uma certa folga para erros. As expectativas foram superadas. A parte de engenharia de áudio e montagem foi nota 10, com toda a diversidade que tivemos no último dia. E existe o Palco Sunset onde inauguramos um PA que foi desenvolvido a 4 mãos, pelo Gabi e pelo pessoal da Norton, que é o LS-8, o som é incrível. Como é um palco experimental e por estarmos desenvolvendo este equipamento já há algum tempo (ele ficou pronto agora), resolvemos estrear aqui no RiR.

 

Onde vocês desenvolvem os equipamentos?
SF – A Gabisom não fala muito, não faz muita propaganda, mas realiza muito. Nós estamos em um outro patamar de mercado hoje, um patamar internacional, pois temos equipamentos em Portugal, nos EUA e no Chile. Os equipamentos são desenvolvidos no Brasil e em Portugal. Isso para os equipamentos de uso próprio. Temos também Vertec, V-Dosc e Meyer em grandes quantidades. A Norton LS-4 foi um desenvolvimento do Gabi que é um sucesso, mas não vendemos no Brasil, são exclusivos da Gabisom. Somente quando desenvolvemos um superior é que o anterior vai para o mercado.

 

O que você espera encontrar de diferente no RiR Madrid?
SF – O projeto já está pronto. Com mais delay e área vip um pouco mais perto do palco. Lá é plano, por isso o público vai estar mais dependente das telas para ver o que está acontecendo – o Parque da Bela Vista, onde aconteceu o RiR Lisboa, fica em um vale permitindo às pessoas uma visão integral do palco. Outro ponto é que calor em Madrid será infernal, super seco, interferindo diretamente no delay. Mesmo com tantas diferenças isso tudo será bem administrado.

 

O que acha do RiR?
SF – Amor, cumplicidade, parceria e tesão. No primeiro RiR eu estava lá babando, e vendo o Queen tocar, todo mundo com o pé na lama. A gente tem uma parceria muito grande e uma cumplicidade muito grande com a família Medina.

 


 


 

Quais são os projetos em que você está envolvido atualmente?
Danny Nolan – Atualmente estou viajando com o The Police como co-lighting designer, juntamente com o designer responsável, Patrick Woodroffe. Também estou trabalhando como lighting designer do RiR Lisboa e RiR Madrid. Meu próximo trabalho será criar o projeto de iluminação para o artista Luis Miguel – turnê 2008-2009 – com início em setembro nos EUA.

 

 

Quais são as diferenças entre o projeto do The Police e o RiR Lisboa?
DN – O show do The Police foi desenhado com 3 diferentes set ups, estádio, arena 360 e shed 270. É muito específico e especializado. O conceito é simples, mas ao mesmo tempo complexo, por incorporar toda a tecnologia necessária. No RiR, há shows por onde passam diversos lighting designers, todos produzindo suas programações individuais de acordo com a necessidade dos artistas. É necessário que o design tenha uma larga gama de ferramentas e elementos, que precisam ser fáceis e rápidos de incluir ou excluir do programa. A tradição do RiR é ter grandes programações de iluminação e ocupar um lugar de destaque no lighting design mundial.

 

 

Para quais palcos do RiR você desenvolveu o projeto de iluminação?
DN – Fui o responsável pelo projeto do Palco Mundo e scenic lighting. Em parceria com Caio Berti e Christoph Halhn, fiz os palcos restantes – Eletrônica e Sunset. Em quem se inspirou para criar os projetos de iluminação e cenografia? DN – Penso que a iluminação e a cenografia estão mais integradas principalmente agora com a tecnologia LED e precisam estar em harmonia total. Patrick Woodroof e Mark Fisher, entre outros, foram os pioneiros em shows com longas turnês, tenho aprendido muito com eles ao longo dos anos.

 

Quais aspectos do projeto para a iluminação do RiR Lisboa merecem destaque?
DN – Acho que o aspecto que merece destaque no RiR é a arquitetura de iluminação baseada no LED. Nós utilizamos 190 pares de pixel, todos mapeados em um server. Com isso conseguimos efeitos extraordinários sobre todo o palco e painéis cênicos.

 

Quais foram os softwares de iluminação utilizados?
DN – Usei Vectworks para o projeto do palco e softwares específicos para a operação.

 

Quais são as inovações tecnológicas na indústria da iluminação?
DN – LEDs, média servers e moving lights confiáveis.

 

Como avalia a atual indústria da iluminação no Brasil?
DN – O mercado brasileiro é saudável, pois tem boas empresas de iluminação com equipamentos modernos. A indústria de iluminação no Brasil cresceu de forma muito rápida e acho que ainda vai melhorar muito nos próximos anos, à medida que as companhias começam a focar em treinamento e em manterem-se atualizadas.

 


 


 

Como foi projetar a iluminação do RiR Lisboa?
Caio Bertti – Começou há alguns meses. Fizemos um projeto único para todas as bandas, mas levamos em consideração os detalhes mais relevantes e de acordo com a importância que a banda tem para o festival. Um destes casos é o Mettalica, que virá com um grande painel de 22m por 7m, por isso tivemos que reajustar a altura de toda a nossa estrutura. Fizemos um projeto de luz de alto nível, com qualidade suficiente para atender a qualquer iluminador independente do porte da banda. Inclusive temos uma tecnologia única em festivais que é o pixel mapping, em que controlamos os 190 pixels, que são distribuídos em uma referência de um painel de vídeo.

 

Como o público percebe esta tecnologia? 
CB – A 100 metros de distância do palco, o público percebe que o show não está somente na parte interna no palco, mas também na parte externa. O palco inteiro sofre nuances das alterações causadas pelo pixel mapping e de acordo com o ritmo da música, com a performance do artista e até mesmo com o grau de agitação do próprio público, podemos alterar as luzes.

 

Existe algum dia do RiR que queira destacar?
CB – Gostaria de comentar o dia 31, pois nesse dia, pela primeira vez na minha carreira, eu vi três LDs de artistas grandiosos – Alanis, Alejandro Sanz e Bon Jovi – chegarem em um festival, descarregarem os seus próprios shows no nosso patch e com alguns ajustes o show estar pronto.

 


 


 

 

Qual a sua função na MA Lighting? 
Daniel Ridano – Sou o gerente técnico para a América Latina da empresa, moro em São Paulo, onde em breve teremos um escritório que será a sede da MA Lighting América Latina.

 

Por que você está em Portugal? 
DR – O console oficial do RiR é o grandMA, assim como o server de vídeo, estou aqui para dar o suporte para os nossos produtos. Danny Lolan pediu que eu estivesse por aqui para dar a assistência técnica e receber as bandas, pois não temos além dos consoles um sistema de iluminação com uma rede complexa. A empresa que faz a provisão dos consoles e da iluminação é a empresa Procom da Alemanha.

 

O que você pode dizer sobre os consoles da empresa? 
DR – O console da MA é independente e tem uma estrutura importante de rede de comunicação; permitindo você trabalhar com mais de um console ao mesmo tempo e tem conectividade total com o server de vídeo e vários produtos da MA.

 

Explique a conectividade do console? 
DR – Você tem módulos e estações dentro de uma rede de Ethernet, assim como dentro de um escritório você tem um server, estações e impressoras e tem um monte de serviços que trabalham juntos com a conectividade. Você vai trabalhar com um console e vai ter conectado um outro PC para guardar os arquivos do show, poderá ter um outro console para controlar parte do show, poderá ter um servidor de vídeo para trabalhar com as imagens que estão saindo na tela. Você préprograma seu show, visualizando o palco com as luzes, utilizando este mesmo arquivo para o dia do show. A ferramenta de pré-programação é cada vez mais necessária, pois hoje em dia os shows são cada vez maiores e não existe a possibilidade de montar um palco gigantesco e as pessoas ficarem 15 dias para programarem seus shows. Tudo é muito rápido, os equipamentos são muito caros e aquela ferramenta adianta muito na hora de pré-programar o show e chegar na hora com tudo feito. Até porque do início de um dia de shows até amanhecer, são poucas horas para trabalhar no escuro.

 

Quais equipamentos da MA trouxeram para o RiR? 
DR – No RiR temos dois consoles para fazer a luz do cenário, dois consoles para a luz de platéia – scenic lights – e existem mais dois no estúdio de pré-programação. Além disso, existem também três servers de vídeo, um para o pixel mapping que estão à frente do palco, outro para fazer a tela que está dentro do palco, e o último de backup.

 

Como funciona um pixel mapping? 
DR – O pixel mapping é uma forma de trabalhar quando você tem LEDs, tubos de LEDs ou pixels, ou seja, qualquer elemento LED que seja na verdade um pixel. Como acontece aqui, são mais de 130 pontos, você teria que programar cada um dos pontos, o que seria uma tarefa muito lenta. A forma como trabalhamos com o pixel mapping é através de vídeo, fazendo daqueles pontos uma tela de projeção, como se fosse um painel de LEDs. Como aquele aparelho não recebe vídeo, você consegue com o servidor de vídeo, organizálos e reproduzi-los de acordo com a real posição que ocupam no palco. O server de vídeo é responsável por converter aquela informação em DMX e chegar até os pixels com a informação correspondente. Isso é um pixel mapping, mapear os pixels em uma projeção de vídeo.

 

Existe algo especial na iluminação? 
DR – A planta de luz tem uma boa quantidade de aparelhos, algo como 150 moving lights. Não é comum o que o iluminador fez com a frente do palco, com aquela quantidade de pixels, ficou muito interessante. A qualidade da iluminação é ótima, assim como o projeto. Todos os programadores e operadores das bandas que passaram por aqui gostaram do projeto de iluminação. De forma geral todos se sentiram confortáveis em trabalhar com esta planta de luz.

 

Como são os consoles, para operar é necessário muita prática? 
DR – A mesa é intuitiva. É como dirigir o seu carro ou pilotar um carro de corrida. Com os consoles você trabalha muito à vontade, mais ainda com os consoles preparados para os festivais. Fazemos com que o operador que ainda não conhece tenha tudo à mão, que seja uma coisa fácil. O festival permitiu aos artistas trabalharem com consoles de outras marcas e trazerem seus próprios consoles.

 


 

 

 

 


PALCO MUNDO


Em 2008 este palco surge ainda mais imponente, formado por uma seqüência irregular e assimétrica de grandes sólidos. Com formas retangulares, os diversos volumes foram forrados com chapas metálicas apresentando, em cada sólido, diferentes fundos e texturas. A projeção de luz e imagens na fachada do palco criou em sua estrutura efeitos dinâmicos multicoloridos. Atenta às questões ambientais, a cenografia do Palco Mundo recebeu 200 painéis fotovoltaicos de forma a sensibilizar o público para a necessidade de todos contribuirmos para a construção de Um Mundo Melhor. Os painéis foram meramente conceituais, já que sua capacidade de gerar energia era muito baixa. O Palco Mundo em números: 2.100 m2 de palco; 75 metros de comprimento; 28 metros de altura; 1.440 m2 de fachada metálica; 30 metros de boca de cena; 200 painéis fotovoltaicos utilizados na cenografia; 250.000 watts de som; mais de 270 projetores.

 

 


ELETRÔNICA


Situado na parte mais alta do Parque da Bela Vista em Lisboa, funcionou das 21h às 4h, criando um ambiente para receber diversos DJs. Seis gramofones gigantes foram construídos, com 3 toneladas cada um, dispostos em círculo em espaço aberto, ao ar livre. Estas estruturas tubulares são fabricadas em ferro galvanizado com a forma de um poste circular, com um diâmetro de 9 metros. Cada poste, concebido como um robô inteligente, foi palco para bailarinos, apoio para colunas de som, tela circular de projeção de imagens e estruturas suspensas para fixação de equipamentos de iluminação. Quem curtiu a música eletrônica ali produzida, dançou neste palco inspirado no famoso monumento Stonehenge. O Eletrônica em números: 900 m2 e 6 gramofones gigantes de 3 toneladas cada, dispostos em círculo em espaço aberto, ao ar livre.

 

 

SUNSET ROCK IN RIO


Ao final da tarde, entre 17 e 21h, foi local de atuações inusitadas que juntaram mais de 30 artistas e bandas de estilos musicais distintos em jam sessions, conhecidas pelo improviso. O Sunset Rock in Rio em números: 22 metros de largura, 14 metros de altura, 14 metros de profundidade, 14 metros de boca de cena.

 

 


 

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