Reportagem: por Alexandre Algranti, com colaboração de Dino Vicente
Fotos: Divulgação / Paul Burgess / Internet
Alemães e ingleses vivem inventando coisas independente e simultaneamente, como o computador digital e o avião a jato na década de 1930. Se na Alemanha temos o Kraftwerk como pioneiros da música eletrônica, na Inglaterra temos o Cabaret Voltaire, fundado em 1973 na cidade de Sheffield por Richard H. Kirk (guitarra, teclados, loops de fitas magnéticas, samplers, bateria eletrônica e programação de sequencers), Chris Watson (teclados e loops de fitas magnéticas) e Stephen Mallinder (vocais, baixo e teclados), três exploradores musicais que com sua parafernalia eletrônica desenvolveram uma linguagem musical própria com uma estética Dadaísta.
O som da banda se tornou mais dançante na década de 1980, tendo sido fortemente influenciado pela música eletrônica negra norte-americana. Sua discografia é extremamente prolífica e o seu ultimo disco, Shadow of Fear, foi lançado no ano passado. Hoje o Cabaret Voltaire é um de uma míriade de projetos solo do multi instrumentista eletrônico Richard H. Kirk. Infelizmente nem a oferta de um dinheiro absurdo para a banda se reuinir para o Festival de Coachella foi suficiente para trazer a banda de volta aos palcos.
Quem dá a entrevista é o ex-integrante da banda e agora Dr. Stephen Mallinder, PhD, professor da cadeira de “Digital Music & Sound Arts” na Universidade de Brighton no sul da Ingraterra.
Alexandre Algranti – Vamos começar falando do seu ultimo disco solo de 2019, o UM DADA. Você tocou todos os intrumentos nele?
Dr. Stephen Mallinder – Eu acho que sim, escrevi o disco em casa. Eu geralmente não trabalho assim mais dessa vez fui de escrever as músicas até a arte gráfica.
AA – E o que mudou nas suas técnicas de produção? Me parece que as faixas tem muito pouca pós--produção e com um som mais orgânico…
DSM – Para ser honesto o objetivo era ser bem simples, eu não quis criar vários layers com efeitos. A ideia foi voltar à época que não tínhamos muitos instrumentos. E eu tenho acesso a muitos instrumentos. Quando eu trabalho online uso laptops com softwares que podem imitar qualquer som, mas eu quis manter o disco simples. Sons de baixo, de órgãos e baterias eletrônicas. Mas teve pós-produção. Foi gravado e mixado de uma maneira apropriada mas eu quis manter a vibe e a simplicidade.
AA – Você ainda usa loops com fitas magnéticas e outros instrumentos vintage?
DSM – Os loops nem tanto, mas eu usei um gravador cassette com quatro pistas na produção do UM DADA. E usei instrumentos vintage. O meu estúdio é tipo um museu, muitos instumentos modulares. Sou muito sortudo em poder usar instrumentos vintage, mas eu tendo a não exagerar e usar muitos de uma vez. Procuro não exagerar na tecnologia e não perder a vista do feeling de certas faixas. Eu tento manter razoavelmente simples. Os loops (uso) só no sequenciador.
AA - E quando sai o seu novo disco? Podemos esperar ainda nesse ano?
DSM – Não tenho certeza, por causa do lockdown está tudo muito louco. Provavelmente termino nesse ano e lanço no ano que vem. Estou a um terço do caminho e tenho várias coisas acontecendo agora. Depende de qual projeto eu termino antes.
AA – Sou um colecionador. Tenho tudo do Cabaret Voltaire e dos projetos solo dos integrantes então…
DSM - Muito obrigado!
AA – Parece que ingleses e alemães inventam muitas coisas ao mesmo tempo. Isso se deu com a música eletrônica? Kraftwerk e Cabaret Voltaire são as duas forças motrizes desse movimento.
DSM - O Kraftwerk sempre trabalhou com instrumentos “custom made”. Creio que em termos de criação e e invenção nem tanto. Está mais na aplicação dessas invenções. Muito dos primeiros instrumentos modulares foram inventados nos EUA pelo Morton Subotnick e o Robert Moog, e depois os japoneses vieram com tecnologias muito boas e mais acessíveis. Mas na aplicação dessas tecnologias de uma forma mais “avant garde”, na música concreta, aí é com os europeus. Então o uso dessas tecnologias por europeus para fazer música eletrônica foi sempre significativo. Em termos da invenção da tecnologia, eu acho que os americanos e o japoneses ganharam. Somos provavelmente um pouco melhores em usar essa tecnologia, somos mais conhecidos por isso.
AA – Quando começou a fazer música electronica, alguma vez pensou que a tecnologia chegaria ao ponto que chegou?
DSM - A mudança para o processamento digital, já podíamos ver isso nos primeiros sintetizadores, mas a redução e a portabilidade massiva da tecnologia, a expansão do poder de processamento e da memória, não acho que antevemos isso. No início do Cabaret Voltarire tinhamos o sintetizador EMS SynthiA que vinha numa maleta. Então antevimos que poderia ir nessa direção mas não na direção em que acabou indo. Então a ubiquidade da música eletrônica, hoje ela está em todo lugar. Mas eu não antevi a internet … A capacidade de mudar e adaptar a música foram as tecnologias que eu não previ.
AA – E qual foi o desenvolvimento mais importante na tecnologia musical para você?
DSM - A internet. A web mudou tudo. A capacidade e habilidade de criar e editar música não mudou muito, mas está mais funcional, ergonômica, prática. Ao vivo ficou tão vasto,(a forma) como utilizam video walls, amplificação… Todos esses elementos estavam lá quando começamos, mas ficaram mais e mais sofisticados. Mas o “game changer” verdadeiro que afetou a música e as nossas vidas foi a internet. Ela mudou radicalmente como ouvimos a música, como compartilhamos e mudou o modelo do significado da música para todos nós. Não que seja totalmente bom. Muitas mudanças foram colaterais na sociedade e sobre como as pessoas funcionam. Logicamente mudou o acesso. Ninguém anteveu o streaming de música 20, 30 anos atrás como temos agora. Virou uma utilidade como água ou energia elétrica. Onde quer que estivermos podemos ligá-la. Está em volta da gente. Mas não com relação a criação da música, isso ainda é com seres humanos que adaptam as máquinas com que fazem música. Mas a tecnologia mudou como as pessoas se conectam pela música.
AA – Na época das BBS você colaborava com outros músicos enviando arquivos via linhas telefônicas? Eu conheci o Akira S, um músico brasileiro que em 1989 já enviava arquivos MIDI pelo telefone.
DSM – Eu confesso que ainda sou tradicional ao fazer música. Mas hoje, com o lockdown, já colaborei com mixagens e remixagens online. Mais por necessidade. Eu ainda prefiro o processo de estar em um estúdio. Eu gosto da idéia de trabalhar em tempo real. Recentemente terminei um disco com pessoas em diferentes cidades. Mais antigamente não muito. Nós pesquisamos na época que eu morava na Austrália o uso de redes ISDN junto com satélites em apresentações ao vivo.
AA- Quão distantes estamos do uso de assistentes de inteligência artificial (IA) musicais? Algo do tipo “Sarah, me ajuda com nesse loop de bateria".
DSM – Tenho feito alguns trabalhos com IA. É muito funcional, mas não sei o quanto ela ajuda no processo criativo. A compositora Holly Hearndon e o DJ J-Lin tem feito coisas muito interessantes com a IA. Mas em termos de assistênica, não sei não… Acho que pode ser feito, não deve ser um processo difícil. Não devemos estar longe de pedir a ela que “corte a batida em um loop de dois compassos” ou “mexa na equalização”. Mas não sei quanto isso trará de avanços na criatividade. Mais provavelmente vai ajudar nas tarefas que nós não gostamos de fazer. São nos erros humanos que aprendemos as coisas, se terceirizarmos tudo para a IA, provavelmente as coisas vão ficar um pouco monótonas. Mas imagino estarmos muito próximo desse cenário. Tenho certeza que a IA consegue cuidar de tarefas simples na produção. A quantidade de dispositivos de trigger que usam tecnologias Arduino e a linguagem Max é surpreendente, então tenho certeza que não está muito longe.
AA – Dá para imaginar um sistema de machine learning varrendo toda a obra do Cabaret Voltaire e gerando um disco novo, seria interessante…
DSM – Eu ficaria intrigado em conhecer o resultado final…(risos). Trabalho com pessoas na Universidade de Sheffield pesquisando nessa direção. Eles instruem as IAs a criarem baseado em templates. Está muito básico, mas tenho certeza que irão chegar lá.
AA – E quais são os componentes principais do seu sistema de produção musical atual? Seu software, hardware, etc.
DSM – Eu trabalho em casa com o Ableton, sintetizadores da Korg e processadores como vocoders e outros. Não tem nada de especial. Eu mixo bastante no meu laptop e para finalizar vou para um estúdio. Mas escrevo no Ableton com plug-ins, tenho uns sintetizadores analógicos da Korg, uso o Monolog e coisas assim. Depois processo tudo. É o mesmo set up que eu uso o vivo. Meu estúdio é na minha escrevaninha. Quando preciso de um sistema mais complexo trabalho no estúdio.
AA – E os arquivos de audio, você acredita que sejam um exemplo da “de-evolution” propalada pela banda DEVO, que a tecnologia nos está levando para trás? Estamos jogando 70 anos de desenvolvimento em audio digital…
DSM – Sim, é um troca muito grande. Acho que temos duas categorias: quem se importa e quem não. A maioria das pessoas não se importa, e provavelmente ouvem música através dos falantes dos seus computadores ou em fones de ouvido básicos. Mas quem cresceu em torno da música e consegue comparar as tecnologias analógica e digital… Se voltarmos 50 anos atrás tinha muita gente que preferia ouvir música num radio de pilha ou na TV. Os especialistas sempre vão querer ouvir de uma forma mais refinada com bons falantes, amplificadores etc. Os músicos e os entusiastas de música, principalmente quando eles começam, se ligam mais na qualidade do audio, na questão da compressão e como o MP3 afeta muito as coisas. Mas é a troca que fazemos para ter acesso constante a música. O MP3 mudou aforma de pensar e ouvir a música. É uma pena mas a grande maioria não se incomoda com a qualidade sonora.
AA – É uma pena…
DSM – É uma pena com as pessoas que gastam muito tempo no estúdio com produções de alto nível sabendo que a maioria vai ouvir as músicas em seus iPhones. (risos). Existe uma diferença entre especialistas em música e a massa de consumidores.
AA – Acabei de ler a biografia do Sam Philips da Sun Records e no início da década de 1950 ele fazia gravações sem aquele quê de laboratório. O gravador ligado à maquina de corte era operado muitas vezes pela secretária dele… Aí o telefone tocava e vazava na gravação, não tinha muita técnica no começo. Mas mesmo assim as pessoas compraram muitos discos…
DSM – Às vezes temos que entender como fazemos música e captar sua essência de forma visceral. Às vezes o melhor equipamento não faz a melhor música. São as idéias e a captação das idéias que importam, independente se as condições são primitivas. Eu sou um cara “lo-fi”. Adoro a música lo-fi, não tenho problema nenhum com ela. E as vezes a música “high-end” é uma merda…(risos) É sobre-produzida, a produção esconde a falta de qualidade…
AA – A idéia dos mais jovens crescendo ouvindo MP3 com aqueles earbuds de baixa qualidade me aterroriza… E quando se tornarem técnicos de estúdio? Vai ser um desastre para a indústria. Pelo menos o Spotify vai lançar um serviço com qualidade CD.
DSM - Eu acho que é uma falta de compreensão das pessoas. Queiramos ou não muitos jovens ouvem música assim. Mas quando as pessoas tem a possibilidade de comparar, estou certo que quando as pessoas ouvem em um sistema apropriado com boas caixas acústicas e com um arquivo de boa qualidade, ou um vinil bem masterizado, deve ser como uma revelação para elas.
AA – Você acha que a tecnologia digital faz avançar a estética Dadaísta?
DSM – Eu não sei. A estética Dadaísta é aplicável em várias maneiras. É uma pergunta muito difícil de responder! Quando você pensa no movimento Dadaísta e o que ele estava tentando realizar no tocante a como vemos a arte, além dele mesmo ser uma força artística. Não estou certo, creio que em algumas maneiras a tecnologia digital homogeneizou as coisas onde o Dadaísmo pregava usar maneiras especiais de fazer as pessoas pensarem. Acho que é o oposto, a tecnologia digital normalizou e homogeneizou as coisas e fez tudo altamente disponível.
AA – Mas se os Dadaístas tivessem computadores na época, seria bem interessante...
DSM – Eu entendo o que você quer dizer. Tem trabalhos muito interessantes com computadores e a tecnologia digital. Talvez bandas como a Autechre seriam os Dadaístas de então. Eles estão usando a tecnologia para fazer as pessoas pensarem e ouvirem. Essas estéticas que desafiam as percepções das pessoas, e passaria a bola para bandas como a Autechre. Ou o Richard James do Aphex Twin.
AA – o Richard James é o Dadaísta em pessoa…
DSM – Eles existem como artistas.
AA – Creio ter todo o catálogo do Cabaret Voltaire em CD. Quando ripei os discos no iTunes ele classificou como “Industrial”, “Alternative”, “Rock”, “Electronica/Dance” e “Pop”. Qual gênero melhor define a banda ou todos definem ela?
DSM – O iTunes tem uma categoria chamada “Unclassifiable” que eu gostaria que fosse a categoria aplicada(risos).
AA – Ao ripar o seu último disco solo deu “Classical” que eu achei sensacional… Cabaret Voltaire para mim é um clássico. Em 50 ou 100 anos fará parte do cânone clássico.
DSM – Não me importo com a categorização mas prefiro a idéia do “Unclassifiable”.
AA – E qual a influência da black music no som do Cabaret Voltaire?
DSM – Enorme. Quando Richard e eu tínhamos 14 anos a black music era a nossa música popular. Eu cresci ouvindo ela. Aos 14 anos assisti Booket T. and the MG’s, Jimmy Ruffin. Aos 15 fui ver os Four Tops e o Stevie Wonder, ele só tinha 16 ou 17… Cresci com a soul music e com o reggae, e mesmo antes, quando não tinha dinheiro, ouvia os discos dos Beatles e dos Stones, que na verdade eram uma versão filtrada da black music. Mas aos 14 entrei de cabeça no soul, no ska, no reggae, foi a música formativa com a qual crescemos. E nunca a perdemos. Sempre experimentamos com o som, o ritmo da black music e da dance music teve grande influência. Temos até uma música que se chama “James Brown”. Inclusive já trabalhamos com o produtor do James Brown, já trabalhamos com o Afrika Bambaataa, está muito no coração do que fizemos.
AA – E se o Afrika Bambaataa tivesse sampleado o Cabarte Voltaire ao invés do Karftwerk, o hip hop seria diferente hoje?
DSM – Seria interessante! Eu conheci e trabalhei com o Bambaataa e com os produtores John Robie e Arthur Baker em Nova York. Temos uma grande conexão com o Bam, o Bam era um fã então poderia ter ido nessa direção. Teria sido muito interessante. Talvez o hip hop seria mais misturado, ainda mais do que era no início. Ao samplear Trans Europe Express e Numbers o Bam tornou Planet Rock uma faixa especial. Talvez ele não seria tão grande se tivesse sampleado a gente. Iria demorar um pouco mais. Mas muito dos sons que criamos acabaram se infiltrando no hip hop que veio depois.
AA – Tem chance do Cabaret Voltaire voltar a se apresentar ao vivo?
DSM – Não, o Richard está usando o nome sozinho e eu e o Chris estamos bem com isso. Não consigo imaginar isso, estou muito ocupado com outras coisas. Estou muito feliz com a minha contribuição com a banda mas não consigo ver isso acontecendo.
AA – Qual é o legado do Cabaret Volateire? Como a banda vai ser lembrada no futuro?
DSM – Acho que talvez seremos lembrados por preencher a lacuna entre a música experimental e a música rítmica. Nós exploramos a música em uma forma muito interessante. Trouxemos as idéias da música avant-garde não populista para o cânone da música popular. Provavelmente abrimos um pouco a porta para a música “estranha” ser aceita, e alguns dos processos que desenvolvemos viraram parte da grande família da música.
AA - Como foi o seu caminho rumo à academia? Você em algum momento sentiu a necessidade de complementar a sua educação musical ou a academia chamou por você?
DSM – Honestamente foi por acidente. Eu já havia lecionado no passado, sou formado em história, política e filosofia. Também fiz pós graduação em educação, mas acabei na academia por acidente. Havia mudado para a Austrália e estava produzindo e apresentando programas de radio não só sobre música mas sobre política, artes e ciência. E aí professora Tara Brabazon da Universidade Murdoch me convidou para lecionar e acabei começando a escrever um livro que virou a minha tese de doutorado. Sempre tive uma queda pela academia e acabei depois na Universidade de Brighton, na Inglaterra. Trabalho meio período, pois continuo gostando de fazer música. Por sorte consigo coordenar as duas atividades já que leciono sobre música também.
AA – A sua experiência acadêmica influenciou a sua música?
DSM – Sim, porque trabalho com estudantes brilhantes e isso me mantém interessado e conectado às coisas. Eu trabalho com músicos bem estabelecidos mas é muito bom trabalhar com meus alunos que compõem trilhas sonoras para games, para instalações artísticas, fazem coisas muito loucas. Então tem sido sensacional para mim. O último disco do meu projeto Wrangler teve dois videos produzidos por dois alunos meus. Eu recebo muito de volta com as pessoas com quem trabalho e isso me mantém conectado com uma nova geração de pessoas fazendo música. Senão eu fico preso no meu mundo, principalmente por estar fazendo isso por muito tempo. É muito bom deixar essa história para trás e trabalhar com os mais jovens. É sensacional poder conversar, trabalhar e ensinar eles.
AA – Stockhausen, Cage e Schaeffer ainda são relevantes para os seus alunos?
DSM – Sim, completamente. Honestamente tentamos assegurar que eles conheçam eles no primeiro ano de teoria, pois os alunos precisam conhecer a importância deles. Eu acho que exite um perigo das pessoas verem a música contemporânea como algo de homens brancos do meio do Século XX. Nós também lecionamos sobre a obra de Daphne Oram e Delia Darbyshire, sobre o Afrofuturismo, existe o perigo que pensem que essa música veio de compositores brancos mortos… Muitas mulheres tiveram grande impacto na música do Século XX. E obviamente lecionamos sobre os artistas negros.
AA - O Sun Ra ?
DSM – Sim, claro, por isso que falei do Afrofuturismo, a aplicação da tecnologia musical no mundo da cultura Negra é muito importante. E a cultura dos bailes blacks também, a dance music. Sun Ra é muito importante. Eu vi ele tocando ao vivo, foi surpreendente.
AA - A pandemia fez os artistas terem que trabalhar sozinhos. Será que o futuro das colaborações musicais se dará pela rede?
DSM – Ter de trabalhar sozinho faz as pessoas desenvolverem novas maneiras de trabalhar e se conectar. Eu consegui trabalhar em vários remixes durante o lockdown mas a vontade de estar perto das pessoas aumentou. Não consigo esperar poder estar de volta no estúdio, tenho três projetos em três estúdios diferentes em andamento. O isolamento nos fez apreciar o processo colaborativo. Tenho também um grupo de estudantes em Los Angeles, um em Viena e um no norte da Inglaterra conectados via Zoom.
AA - Você curte vinil? Quantos discos você tem?
DSM - Minha coleção com cerca de cinco mil discos ainda está na Austrália. Aqui em Brighton meu apartamento é pequeno, então estou só no áudio digital. Mas eu não coleciono mais, para mim não é mais prático. Minhas costas foram danificadas de tanto carregar caixas de vinis em minhas discotecagens pelos anos, mas eu sinto falta deles. Meu vício em vinil foi considerável, tive que reduzí-lo...
AA - E o que está rolando na sua playlist?
DSM - Oh Deus ! Muito que tenho no meu iTunes são as mixagens que estou trabalhando no momento. Estou escutando o album Guerilla, de um artista de Dubstep chamado Nazar, o album Pastoral do Gazelle Twin, o Echobaz, artista de Uganda que mistura Techno e Dubstep, Workingman's Club, Arthur Russel, o album Mother, do Cold Beat, e a banda Africain 808.