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REPORTAGENS / Matérias Completas

Histórias da Retomada: Boaventura Filho

12/11/2021 - 14:43h
Atualizado em 17/11/2021 - 15:19h

 

O empresário é sócio da Original Produções, com 35 anos de atuação no mercado do Rio de Janeiro. Ele conta para a Revista Backstage como foi superar o período das vacas magérrimas da pandemia e como está sendo superar este momento seguindo os protocolos colocados pelo poder público.

 

 

Como vocês trabalham na Original?

Nós temos duas operações: uma produtora de eventos de 35 anos, que é a original produções. Dentro da produtora, nós temos uma outra empresa que faz a parte de bares para outros eventos com logística de bar e atendentes.

 

 

Como foi para vocês o início dessa confusão toda da pandemia? Quando vocês sentiram que era realmente um problema? 

Trabalhamos muito no verão do Rio de Janeiro, que são os nossos meses fortes, de novembro a março. Vinhamos trabalhando com uma demanda muito grande e,

 

quando passa o carnaval, normalmente descansamos umas duas semanas.para botar o material em dia, fazer manutenção... Quando demos essa parada, veio a pandemia. Achamos que seriam alguns dias. Depois era um mês e aí viraram esses 18 meses. 

 

 

E quais foram as providências que tomaram como empresa quando viram que a parada seria prolongada?

Como todo mundo fez, tentamos diminuir ao máximo os custos. Não conseguimos dinheiro emprestado do governo. Então os funcionários que bancamos até hoje foram com recurso próprio. E mesmo tentando ao máximo segurar tivemos que rolar algumas dívidas que estamos renegociando agora.

 

 

As gestões de entidades ligadas ao setor de eventos no Congresso Nacional chegaram a ajudar vocês?

Não. No Rio, por exemplo, tem um pacote de ajuda tramitando que, no dia em que sair, as coisas já vão ter voltado ao normal.. Eu estou falando do município. Conseguiram fazer o pacote no na Câmara de vereadores. Mas muda uma coisa, mudar outra e  acaba tudo demorando. Efetivamente até hoje não pintou nada de ajuda para o setor

 

 

E a questão da comunicação entre as empresas, como vocês se articularam? As associações ajudaram? Você percebeu que todos começaram a se falar para ver os interesses em comum?

Esse foi um ponto positivo da pandemia.

 

Pessoas que eram a mais afastadas do mercado, que não participavam das associações, se aproximaram. A minha empresa sempre participou, mas outras empresas que não participavam tanto perceberam que era necessário estar perto desse movimento, até para ajudar de uma maneira geral, nem que fosse com o conselho.

 

 

Essa articulação ajuda no momento da retomada? Na criação e implantação dos protocolos?

Criamos um protocolo e o apresentamos para o governo. Fizemos oito eventos durante a pandemia. Foram eventos totalmente seguros com autorização da Secretaria de saúde. Na época, em outubro de 2020, quando os números estavam aparentemente caindo, fizemos aqueles eventos que as pessoas apelidaram de camarotinho. Fizemos alguns shows de bandas de samba do Rio mesmo porque ninguém estava viajando. Foi um evento chamado Jardim Belas Artes, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. Tinha até uma banda de Brasília que estava estourando na época chamada Menos é Mais. Uma banda de Samba e Pagode nova. Trouxemos eles e vendemos todos os ingressos em horas. Fizemos também artistas daqui do Rio como o Sorriso Maroto. Foi muito ligado ao samba o evento. Eram bandas que estavam aqui no Rio querendo tocar. Isso funcionou em um certo momento porque as pessoas estavam querendo sair de casa. Mas depois a gente viu que as pessoas não queriam ficar isoladas cada um no seu camarote. Queriam confraternizar, dançar,e não podia ter a pista de dança então resolvemos cancelar os eventos.

 

 

E quando começou a perceber que poderia haver uma luz no fim do túnel?

Há uns três meses atrás primeiro tivemos uma decepção grande com o prefeito. Na campanha ele falou que, quando tivessem vacinado as pessoas com 60 anos e mais, iria liberar os eventos. Isso foi falado em reunião. .Ele vacinou 60 mais, 50, 40 e começou a não liberar.

 

Há dois meses atrás mais ou menos começamos a ter um movimento de réveillon e carnaval. Esse foi o momento em que começamos a ver a luz no fim do túnel e que os números de internação da covid começaram a desabar. O município do Rio de Janeiro está com 98% de pessoas com a primeira dose e por volta de 70 por cento com a segunda. Aí vimos que dá Para voltar a trabalhar.

 

Quer dizer que a vacina está tendo uma importância nesse contexto todo?

 

Como produtor de eventos temos que ser 100% a favor da vacinação. No nosso caso que tem aglomeração está provado que não dá para fazer um evento com distanciamento. É muito chato fazer um evento todo com máscara. A vacinação é um passo que temos realmente que seguir.

 

Também propusemos lá atrás que se testasse todo mundo, porque quanto mais testar, fica mais fácil da Secretaria de saúde identificar os doentes. Isso eu achei um erro grave do nosso governante, porque para nós, que somos produtores de evento, é fácil pegar 5000 pessoas, colocar dentro de um espaço,testar todo mundo antes, ver quem está doente e começar a tratar. O governo fechou o olho para isso e ficamos de mãos atadas. 

 

 

E o que que vai voltar e o que que vai mudar de vez nas organizações de eventos?

O que vai mudar de vez é a questão do cuidado com a limpeza do local.  A parte de higiene.e vigilância sanitária, acho que vai mudar. As pessoas vão procurar os eventos mais oficiais e evitar os eventos piratas. 

 

 

Sua empresa faz Ano Novo e outras festas. Como é que está sendo o movimento daqui para frente?

Já tem muita acontecendo no Rio. Agora estão acontecendo os eventos teste. Os nossos pacotes de evento deram uma atrasada, mas vamos começar no dia 11 de dezembro. Vamos ter também o réveillon no Jockey com o Monobloco e mais um réveillon no Museu de Arte Moderna com artistas de funk. E temos um pacote grande de dezembro até março no verão do Rio de Janeiro com vários eventos no Jockey com Alceu Valença, Monobloco, Tiago Martins e Belo, entre outros

 

 

Tudo com lotação já liberada ou reduzida?

Estamos trabalhando com 50% da capacidade. O nosso planejamento é com 50% da capacidade. Se daqui para lá mudarem alguma regra gente vê mas o planejamento é para 50%. 

 

 

Como vê o cenário daqui para frente?

Vou falar mais uma coisa sobre fornecedores e staff do evento. Achávamos que, no pós pandemia, iriamos encontrar um cenário com as pessoas precisando trabalhar e os preços mais baixos. Mas as pessoas que trabalhavam como freela em um evento, e que não tinham nada fixo, chegaram a quase passar fome. Agora muitos deles conseguiram um trabalho fixo. Preferiram conseguir empregos, nos quais ganham menos mas com o dinheiro certo, e correram da instabilidade dos eventos. Já

 

com os fornecedores e artistas está acontecendo uma demanda reprimida. Ficou todo mundo parado um ano e pouco agora todos querem trabalhar. Todo mundo está ligando para trabalhar para contratar e quanto mais o telefone toca mais o artista se sente à vontade para aumentar o preço.

 

Se tem mais de um evento no mesmo dia eles se sentem à vontade para cobrar um pouco mais.

 

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