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Especial lives: entrevista com Toinho Lopes

29/07/2020 - 10:12h
Atualizado em 30/07/2020 - 13:26h

Reportagem: Miguel Sá / Fotos: Divulgação / Reprodução

 

O produtor técnico de Ivete Sangalo, Toinho Lopes, não poderia ter formação melhor para articular a arte técnica e a artística de Ivete Sangalo. O profssional é formado como técnico em eletricidade industrial. Atuou nove anos na área como técnico em eletricidade e geradores de trios elétricos. Foi Roadie por 19 anos da cantora até começar a atuar, há seis anos e meio, como produtor técnico da artista. Toinho já passou, durante este tempo, por todo tipo de situação desafiadora. As lives aconteceram para o Multishow, Rede Globo e internet em três oportunidades - dia 25 de abril, dia 10 de maio, no dia das mães, e 20 de junho, com temática junina. Toinho nos fala da primeira delas, que trouxe novos desafios que ele nos conta aqui.

 

Como está sendo a sua experiência com lives?

Este formato é tudo muito novo para nós, a nossa primeira experiência de LIVE foi a convite da Rede Globo, no programa de lives, o “Em casa“, via streaming dia 25/05/20. A LIVE foi transmitida pela Globo e também para os canais de TV da emissora além de redes sociais.

 


A primeira live de Ivete Sangalo

 

Que demandas específicas as lives trazem?

Usamos uma unidade móvel de vídeo SNG (via satélite) com redundância de internet dedicada via radio, uma UM de áudio com dois consoles, e dois geradores para viabilizar o acesso remoto. Então isso é basicamente utilizado em transmissão de TV ao vivo. Em função do momento que vivemos, temos itens a mais a se preocupar... Em relação aos cuidados específicos para live em tempos de pandemia já podemos começar falando da paramentação. Precisamos ter em mente que estes itens, precisam se considerados como parte da execução, assim como o microfone do artista higienizado ainda mais cuidadosamente, deve ser uma regra. No nosso caso, todos estes itens de proteção não é questão de escolha, é condição para realização de trabalho. Cuidado com a saúde das pessoas envolvidas em primeiro lugar!

 

Quais os protocolos de segurança? Como se preparar para um evento deste tipo na situação de pandemia? Você recebe os procedimentos de segurança ou ajuda a colocar eles em reuniões de pré-produção?

A principio, nós seguimos as orientações do Ministério da Saúde e da OMS ao que diz respeito aos protocolos de segurança. Usamos máscaras, luvas, álcool em gel e mantivemos o distanciamento social. Ainda com relação a segurança dos profissionais envolvidos, acabamos incluindo mais alguns itens de segurança e cuidados, para nos dar mais tranquilidade e proteção durante o trabalho, tais como: Aferição de temperatura,  uso de face shield, toucas, jalecos, e protetores de calçados (Propé), enfim,  todos paramentos disponíveis no mercado. No que se refere aos equipamentos, tivemos uma preocupação ainda maior em higienizá-los, e para isso utilizamos álcool isopropílico e uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) em cases. No quesito de segurança, os protocolos foram definidos previamente por nossa produção e na operação eu, como o produtor responsável pelo evento, também, cuidei de garantir que que os procedimentos fossem respeitados por todos.

 

 

Como foram as reuniões de pré produção? 

As reuniões foram realizadas no formato de conferências. Utilizamos de vídeo chamadas pelos aplicativos Zoom e WhatsApp. E para facilitar a comunicação criamos também grupos de mensagens.

 

O fato de ser na casa do artista também traz mais demandas específicas?

Sim! Por ser na casa do artista nos traz mais demandas, pois já envolve a questão da rotina da casa... A nossa preocupação foi atrapalhar o mínimo. Tem questões de horário para começar a acessar, limite para finalizar o trabalho, restrições em áreas comuns do condomínio, acesso somente a áreas determinadas. Em se tratando desta live em específico, tomamos como direcionamento a montagem de equipamentos feita previamente por profissionais em QG fora da residência, higienizado e entregues a mim e um membro da família da artista, para que fosse posicionado de forma adequada a transmissão. Contamos com câmeras robóticas e somente um câmeramen devidamente paramentado e mantendo uma distância segura da artista.

 

Como a equipe foi dimensionada?

A princípio eu diria que a equipe foi reduzida, mas muito reduzida. Foram dois profissionais de cada fornecedor, de som, luz, vídeo, gerador e a UM do satélite. E além desta redução, criamos um esquema de rodízio... Tínhamos um cronograma de montagem e desmontagem com horários de cada fornecedor para evitar aglomeração. Mesmo tendo uma equipe bem reduzida, esta questão foi vista com muita atenção e responsabilidade, e foi necessária uma antecedência, pois como neste processo de montagem e desmontagem contamos com equipe reduzida, e todo processo de paramentacão e manutenção destes novos EPI’S, tudo isso acaba demandando tempo. Com isso tivemos um cronograma mais extenso.

 

Foi possível fazer uma visita técnica para ver onde ficariam equipamentos e pessoas? Ou usaram fotos, plantas baixas...

Sim, fiz visita técnica no local, e vídeo chamadas com o pessoal da TV para mostrar a área a ser utilizada, usamos algumas fotos da área e ambiente que serviu como SET de transmissão. Tudo para tentar facilitar a ambientação da equipe com o SET. Precisávamos definir o posicionamento das UM’S e geradores, pois estes forraram alocados fora da residência da artista, e com isso ter o reconhecimento de toda a área e prevenir as dificuldades, ter as medidas das distâncias até mesmo para fazer o cabeamento, definir posicionamento de antenas de satélite de rádio de internet. Coisas que somente podem ser definidas in loco.

 

Houve alguma preocupação especifica com a parte de internet? Ela ganhou importância nesse momento?

Sim, para qualquer tipo de transmissão de dados, a internet já é um item que requer muita atenção. Neste caso em específico, ela foi a redundância, a transmissão foi feita via satélite. Em se tratando de uma transmissão ao vivo, todo excesso se torna pouco neste sentido. Pois imagine o sinal ser interrompido por alguma falha no meio da transmissão? O propósito, maior, do projeto acaba sendo perdido. O que diria é que precisamos estar atentos de que para uma boa transmissão, precisamos ter, no mínimo, um upload de 20 Megas. Tínhamos um link dedicado de internet que era nossa redundância na transmissão, e este tinha cinco vezes mais que a velocidade mínima necessária para uma boa transmissão.

 

Para a Ivete: como foram produzidas as bases musicais que ela usou? 

Bom, após ela ter feito alguns ensaios com o diretor musical dela, eles definiram o Setlist. Todo conteúdo foi feito remotamente. Alguns músicos de harmonia gravaram em seu home-estúdios e enviaram os VS e, além disso, o maestro utilizou algumas bases de gravações antigas de nossos shows. A decisão por fazer desta forma foi,  justamente, para evitar que os músicos se expusessem ao risco.

 


Clique na imagem para assistir a live completa

 

Como o áudio e o vídeo eram enviados para as respectivas unidades móveis? Havia câmeras na casa dela com operação remota? E o som? Como funcionou isso?

O sinal de vídeo foi enviado via cabo BNC normal. Para o áudio, foi colocado uma medusa de 12 vias no SET e na outra ponta um spliter endereçando para dois consoles, um para o broadcast e outro para monitoração. Quanto as câmeras, houve sim operação remota. Tivemos câmeras robóticas e contamos também com uma handcam, que ela mesmo manuseava nos momentos de interação com cenas que não estavam enquadradas.

 

 

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