Fale um pouco do histórico da sua empresa e do foco das atividades dela.
A Cadoro tem 40 anos e é a empresa de eventos mais antiga de Minas Gerais. A empresa sempre se pautou pela pluralidade e diversidade na sua atuação. Vários artistas vieram a Belo Horizonte pela primeira vez através da produtora: Geraldo Azevedo, Tunai, Tete Espindola, Tarancon, Almir Sater, Paulinho Pedra Azul, Renato Teixeira, Marlui Miranda e outros. Micaretas, lançamento de produtos, inauguração de PDV, peças teatrais, showmícios e Exposições agropecuárias como Festa Nacional do Milho (Patos de Minas), Feira da Paz de Betim, Festa das Rosas (Barbacena) foram outras atividades que tiveram a assinatura da empresa.
Em setembro de 1982, a Cadoro realizou em Patos de Minas, o primeiro show da história da Legião Urbana.
Atualmente a empresa é responsável pelo gestão da Orquestra Mineira de Rock – o maior fenômeno musical de Belo Horizonte – Encontro Marcado(Flávio Venturini – Sá e Gurabyra – 14 BIS) e Na Estrada (Quintento Violado e Banda de Pau e Corda).
Como esta sendo vivenciar este momento? Na sua experiencia é muito diferente de outros momentos difíceis do mercado? É possível listar outros momentos difíceis?
Não existe nenhuma outra categoria que tenha tanta esperança como a de produtores de eventos. Venda antecipada esta fraca, ele acredita que na hora vai vender, não vende, ele acredita que no próximo recupera, não recupera, mas tenta de novo.
O setor está acostumado a lidar e superar dificuldades, como a meia entrada que é a única atividade econômica no pais que tem 30% da sua receita bruta confiscada pelo estado sem nenhum tipo de benefício ou contrapartida, pela obrigatoriedade da meia entrada e uma legislação ultrapassada de direitos autorais, são exemplos dessas dificuldades.
Já enfrentamos outras pandemias como a gripe aviária e suína, mas de forma pontual e localizada, nenhuma como a COVID-19. Nenhuma atividade produtiva nesse pais já enfrentou um lockdown dos seus negócios, como segmento de eventos. Todas as outras atividades tiveram flexibilizações e protocolos, os eventos não. Parou dia 20 de março e continua paralisado até hoje. Está havendo preconceito, injustiça e discriminação contra a atividade.
Os profissionais de eventos, são criativos, determinados, acostumados a vencer dificuldades, mas trabalhando. Mas impedidos de exercerem o seu ofício, só nos resta lembrar de Gonzaguinha: “....Um homem se humilha/se castram seu sonho/seu sonho é sua vida/ e vida é trabalho. E sem o seu trabalho/o homem não tem honra/e sem a sua honra/se morre, se mata. Não dá pra ser feliz/Não dá pra ser feliz...”
Quando foi possível notar que este seria um momento diferente de outras crises?
Ninguém era capaz de imaginar que essa pandemia teria essa duração. Todos depositaram e continuam depositando sua esperança no fim da pandemia.
A sua empresa atua em diversos lugares do Brasil. É possível dizer que há lugares onde a situação é melhor ou pior para o segmento? Ou esta tudo da mesma forma?
A situação é crítica no Brasil inteiro.
A sua empresa está com projetos encaminhados com parceiros internacionais? O Sr. tem informações de como as coisas estão indo em outros países?
Ainda não fizemos ou temos projetos fora do Brasil. A informação que eu tenho é do Festival Jardim do Marques em Lisboa. Em todos os lugares as variações sobre procedimentos estão todas alicerçadas na vacina.
Já acontecem, em diversos lugares, alguns eventos testando formato pós-covid. Tem acompanhado estes eventos? O que acha que teria de ser adaptado para a realidade daqui?
A matriz de todas as experiencias são duas: a vacinação e a politica. São elas que definem o tamanho do evento, o numero e as condições de acesso.
É possível já dizer o que permanece dos atuais protocolos quando passar esse momento da pandemia?
Alguns dos protocolos atuais, representam avanços na operação dos eventos, que devem ser incorporados a rotina dos eventos como um avanço na entrega dos mesmos. Mas, uma das incógnitas é saber qual o cenário vamos encontrar no pós corona vírus.
Há eventos previstos no Brasil? Existe alguma articulação a respeito?
Existem muitos anúncios de eventos futuros. Alguns são muito mais fruto de desejo de realizar, do que de condições objetivas. Todo o segmento esta se programando para a retomada e precisando dela. Mas, quando vai ser?
O Sr. já foi presidente da ABRAPE – Associação Brasileira dos Produtores de Eventos. Qual a importância da atuação em uma entidade deste tipo para o segmento de eventos?
Só é possível resolver problemas coletivos através da representação coletiva. Qualquer pleito ou reivindicação que for colocada de maneira individual, sempre vai ter o verniz do interesse apenas pessoal. O setor de eventos sofre muito preconceito e é muito penalizado, mesmo dando uma contribuição importante na geração de emprego e renda.
A ABRAPE fez um trabalho forte junto ao Congresso para aprovação do PERSE. De que forma ele pode ajudar na retomada?
É preciso aguardar a regulamentação para avaliar os benefícios reais e ver se eles chegam na ponta da entidade e principalmente aos nos pequenos e médios que são a maioria absoluta dos filiados.
De um ponto de vista como empresário, o Sr. tem notícia de como os eventos se articularam em outros países para conseguir passar por esse momento? Tem notícia de soluções que poderiam ter sido feitas aqui? E o que foi feito aqui que o Sr. viu que não foi tentado fora?
As experiências que foram feitas e que eu tenho conhecimento, foram experiencias no sentido de abrir espaço para viabilizar de forma permanente a realização dos eventos. Eu penso, que todas as iniciativas no sentido de reabrir o mercado, são reféns do momento. Cada protocolo, vale para aquela realidade do momento.
Já é possível alguma perspectiva de retomada?
Acredito que a luz no fim do túnel já esta acesa. Parece que isso é pouco, mas para quem está a 16 meses sem trabalho, é uma grande notícia.