Hoje vou explicar para vocês como funcionam os verdadeiros equipamentos digitalmente controlados com Digital Recall.
Desde que o mundo das gravações se tornou digital, nasceu a possibilidade de refazer, tantas quantas vezes forem necessárias (ou desnecessárias), modificações na trilha ou música até alcançar o resultado desejado. Porém, com o uso de periféricos analógicos, a operação fica um pouco mais difícil. No mundo virtual, tudo é lindo... Mas quando você quer um som mais “quente” e adiciona os queridos vintages, tudo muda. E agora? Como fazer o recall? Tenho que tirar foto dos equipamentos clássicos? Ou devo deixar os Knobs em 12 horas, perdendo assim o total aproveitamento do analógico querido? Sem falar nos problemas típicos dos amados clássicos, como o ruido de fundo, a falta de estabilidade e as possíveis falhas bem na hora do trabalho.
Em um equipamento analógico, os sinais de áudio são controlados por potenciômetros e as funções por chaves eletromecânicas. Usamos as mãos para girar os pots e pressionar as chaves, mas no circuito digitalmente controlado não há pots nem chaves para operar. O que há é um circuito com potenciômetros digitais “divisor resistivo”, encoders, chaves digitais no formato de circuitos integrados (ICs) e micro reles. Embora exista um painel que pode ser operado manualmente, na prática isso pouco acontece.
A categoria de equipamentos híbridos chamados de digitalmente controlados une o melhor dos dois mundos: a velocidade e precisão do recall e as desejadas características do som analógico, com os benefícios de um equipamento novo. Esses equipamentos consistem em um circuito essencialmente analógico com apenas os controles das funções e modos controlados através de um gerenciamento digital. Normalmente são reedições de clássicos compressores e equalizadores transistorizados ou valvulados. Essa tecnologia pode ser aplicada em todos os tipos de equipamentos de áudio. Alguns fabricantes replicam o circuito analógico o mais próximo possível do original e adicionam a parte de controle digital. Como um “controle remoto”.
O gerenciamento digital
Um circuito baseado em um microcontrolador (mCU), uma interface USB e uma interface para o painel de controle executam o gerenciamento digital. O microcontrolador “roda” um sistema operacional que dá as instruções de inicialização e comunicação para o painel frontal e a porta USB simultaneamente. Quando movemos algum knob no painel, é gerada uma informação binaria pelo encoder, (botão giratório sem fim) que chega até o mCU através da interface de painel. Algo similar acontece quando uma chave é pressionada. O mCU executa o comando enviando dados para um dispositivo que funciona como um potenciômetro comum, mas cujo cursor é controlado por uma informação digital. Não há conversão de sinal nesse processo. O sinal processado é 100% de modo analógico.
Durante a execução dos comandos, as informações são enviadas e recebidas para a porta USB, que está em comunicação com o computador rodando o programa de gravação / edição, PRO TOOLS por exemplo. Para controlar o equipamento é usado um software que pode rodar dentro do PRO TOOLS. O software (Plug-in) funciona apenas como controle remoto do equipamento. Sem interferência no processamento do áudio.
Acredito que os equipamentos de áudio digitalmente controláveis são a melhor opção para um setup diferenciado. Como já disse antes, é o melhor dos dois mundos. No momento existem poucos fabricantes desse tipo de equipamento. Isso deve se ao fato de ser uma categoria de equipamentos relativamente nova e que necessita um bom investimento para o desenvolvimento dos circuitos de controle. Afinal tem que funcionar como um clássico.