Na coluna de Luiz Carlos Sá: Um antídoto contra a melancolia
14/09/2020 - 14:07h
Atualizado em 01/10/2020 - 16:59h
A certa altura da pandemia, pouco depois dos nossos últimos shows em 12 e 14 de março, comecei a reparar detalhes preocupantes. A princípio, uma espécie de “fraqueza” na voz. Depois os calos nas pontas dos meus dedos da mão esquerda (calos esses, aliás, que indicavam à Polícia das primeiras décadas do século passado quem era “tocador de violão” - e portanto, “vagabundo” - enquanto os calos nas palmas das mãos identificavam os “verdadeiros trabalhadores”... acredite!) começaram lentamente a diminuir, amaciados pelos banhos. Foi fácil deduzir que eu estava relaxando meu lado profissional, com as cordas vocais – que são músculos e precisam de exercício – em desuso e o violão largado a um canto, tudo isso em consequência, via eu agora, do desânimo que tomara conta de mim ao perceber a extensão do que se abatia sobre nossas carreiras.