Fotos: Ingresso: acervo Paulo Farat | Show: Blog O Patativa por Bernando Schmidt
Quando fiz parte da equipe do Blues Festival, nas edições de Ribeirão Preto e do Ginásio do Ibirapuera (me lembro até hoje de acordar com os jornais e a manchete “Qualidade do som enriquece o Blues em São Paulo”), mesmo com todos os mestres do gênero, não tivemos a presença do BB. Tudo bem, foram sensacionais...
Eis que um belo dia, (no ano de 1988) surgem os concertos dele no extinto Olympia, em Sampa, e o recrutamento da Gabisom para que eu e o Roberto Marques cuidássemos das mixes de PA e Monitor. Aeeeeeeeeeeeeeeeeee. Bora!!!
Lá fomos nós bem cedinho pro stage, configurar o palco da maneira mais rápida possíve, pra não interferir no tempo da passagem de som. Passagem de som??? Hahahahaha. Esquece.
Primeiro foi nosso cuidado extremo com o piano acústico, sempre um ítem que exige um bom tempo, pra que a soma PA/Monitor não interfira no som do instrumento no palco, cuidado esse que temos até hoje em todos os festivais, com aquele dilema; tampa aberta, tampa fechada... Enfim tudo certo com o piano, era a vez do Hammond!!!... Nunca passei tanto sufoco com tantas chaves de controle e o John Lord na cabeça. Que coisa difícil achar um timbre perto das coisas que escutava nos álbuns...
Aparentemente tudo pronto. Depois da surra do Hammond, chega no stage aquele maluco dos metais (do pescoço de mola...hahahaha), um cara extremamente gentil, recolocando os monitores e a banda muito, mas muito perto uns dos outros, e dando uma checada básica nos timbres das incríveis 2 x 15 do Gabi (aquelas com a pintura de tinta especial ainda), do PA e dando um ok pra tudo que fizemos até ali. Legal, a hora que a banda chegar um pouco antes de abrir a casa finalizaremos tudo!!! Hahahahaha. Conta outra.
Faltando meia horinha pro show e com a casa completamente lotada os caras chegam. Primeiro o Sr. Dos teclados, dizendo para que eu não me preocupasse com o piano, pois era só uma brincadeira, pois o lance dele era Hammond, instrumento que ele tocava há 50 anos. Não fez um acorde, antes de calibrar trezentas chaves, e no primeiro toque ali estava o som que eu procurei por horas e nunca encontrei.
Booooora lá. Desce todo mundo do camarim, se posicionam nos mic e rola um vamos começar. Nenhum check antes do show. E o que aconteceu naqueles dias de Olympia foram inesquecíveis. Mr. BB, um monstro de generosidade, entrou e arrebentou a boca do balão com seu Blues de verdade, assim como toda a banda. Confesso que fiquei algumas músicas com a via da batera solada pra descobrir os segredos das levadas e grooves, o que foi uma Universidade completa!!!
A incrível “Lucille” e a voz poderosa no Side, e mais nada. Tudo nos monitores. Perfeitos ao extremo, ouvíamos o disco no Stage. Se um dia eu tive a maior demonstração de dinâmica e que se pausa não fosse música, não existiria grafia pra ela, foi nesse show.
Sem muito mais, o que ficou foi nosso respeito absoluto pelo mestre. Ao fim de cada concerto, todas as noites (nos dias 23,24, 25 e 26 de novembro de 1988) ele se dirigia ao Monitor para agradecer as mixes, antes de falar com o Manager. No último dia ele nos chamou ao camarim para um agradecimento especial e um breve papo!!!
Tem coisas na Música de Verdade, que só o stage proporciona!!!