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REPORTAGENS / Colunas

Coesão e Intensidade: show da banda Saxon em Curitiba

04/12/2023 - 08:48h
Atualizado em 04/12/2023 - 08:49h


 

Além de revelar os protagonistas de um espetáculo, a iluminação cênica também possui diversas outras funções, tais como propiciar dinâmica, atratividade visual, dramaticidade, sensações e emoções. Potencialmente, aproxima plateia e palco, estabelecendo interações com variados graus de intensidade. Muitas vezes, essa intensidade se mantém nos patamares mais elevados, fomentando uma sinergia surpreendente e marcante. É nesse contexto que essa conversa aborda o sensacional show da banda britânica Saxon, com brilhantes, enérgicos e iluminados momentos de sintonia e simbiose entre banda e plateia.

 

 

Pela terceira vez em Curitiba – e oitava vez no Brasil -, um dos mais emblemáticos expoentes daquela que foi nomeada “Nova Onda do Heavy Metal Britânico” ou NWOBHM - New Wave of British Heavy Metal – apresentou-se na capital paranaense, desta vez no Teatro Ópera de Arame, totalmente lotado. Nas outras vezes, em 2002 e 2011, no Moinho São Roque e Master Hall (locais esses que atendem por outros nomes, na atualidade), por motivos diversos, as plateias estavam mais esvaziadas, embora os shows tenham sido memoráveis, marcados pelas ótimas performances tanto da banda como pela receptividade dos fãs.

 

 

Formada em 1977 pela união de cinco músicos das bandas S.O.B. e Coast, que se apresentavam na região de South Yorkshire, Inglaterra, a banda Saxon lançou seu primeiro e homônimo álbum dois anos depois. No entanto, foi a partir do segundo álbum, "Wheels of Steel", que a banda atingiu um patamar diferenciado na história do Heavy Metal, no início da década de 1980, sendo decisiva e responsável por uma sonoridade que influenciou incontáveis bandas e artistas. Dos vinte e três álbuns da banda, o repertório do show realizado no dia 14 de novembro presenteou os fãs com dezoito empolgantes canções, contemplando as mais significativas e essenciais de uma trajetória de quarente e seis anos de carreira.

 

 


Banda Saxon em Curitiba – Teatro Ópera de Arame (14/11/2023). Fonte: Cezar Galhart

 

 

Coube ao ótimo quarteto equatoriano-estadunidense MadZilla o show de abertura, com quarenta minutos de duração e canções nos estilos do Heavy Metal e Trash Metal. Além das ótimas canções, deve-se destacar a interação com a plateia, principalmente do guitarrista e vocalista David Cabezas que apresentou as canções na maior parte em português. Completam a banda Daniel Gortaire no baixo e backing vocals, Dane Haws na guitarra e Luis Zevallos na bateria.

 

 

Para a “Seize The Day World Tour 2023”, a banda Saxon destinou, além de Curitiba, outras três capitais brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte e a capital federal, Brasília), cujos shows promovem o ótimo álbum “Carpe Diem” lançado em 2022, sendo o vigésimo terceiro álbum de estúdio. Na formação atual, Biff Byford (vocal), Doug Scarratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo), Nigel Glockler (bateria) e Brian Tatler (líder e cofundador da banda britânica Diamond Head), substituindo Paul Quinn, guitarrista e cofundador da banda Saxon, que se aposentou dos palcos em abril deste ano (2023).

 

 


Banda Saxon em Curitiba – Teatro Ópera de Arame (14/11/2023). Fonte: Cezar Galhart

 

 

Eram passados cinco minutos das vinte e duas horas quando Byford e companhia entraram no palco, saudando efusivamente a plateia para executarem “Carpe Diem (Seize the Day)”, faixa título do álbum promovido pela turnê, emendada com “Motorcycle Man” (do clássico álbum “Wheels of Steel”, de 1980) e “Age of Steam” (também de “Carpe Diem”, 2022). Com uma demonstração de força e potência, fachos marcantes, cores dominantes (vermelho, amarelo, verde, azul) em combinações complementares ou análogas, com contrastes de formas em configurações predominantemente simétricas.

 

 

Se o objetivo de um show é agradar ao máximo a plateia, Saxon tem a fórmula ideal. Na continuidade, e com uma plateia vibrante que entoava o nome da banda a plenos pulmões, desfilaram “Power and the Glory” (do álbum homônimo de 1983), “Dambusters” (também de “Carpe Diem”, 2022) e “Dallas 1 PM” (do álbum “Strong Arm of The Law” de 1980). A combinação de canções-chave dos álbuns mais importantes, com as faixas do último lançamento demonstram a coerência e solidez de uma banda que sempre se manteve fiel ao estilo. Nesse âmbito, o estilo Old-School presente no projeto de iluminação cênica, com luzes definidas em fachos paralelos e padrões mais uniformes, principalmente para as cores, ora monocromáticas e neutras, ora análogas quentes ou frias.

 

 


Banda Saxon em Curitiba – Teatro Ópera de Arame (14/11/2023). Fonte: Cezar Galhart

 

 

Nas canções “Heavy Metal Thunder” (também de “Strong Arm of The Law”, de 1980) e “Sacrifice” (do álbum homônimo, de 2013), fachos frenéticos em contrastes de intensidade, com predominância de luzes âmbares – projetadas alternadamente e em alinhamento ao backdrop vermelho que estampava a logo da banda, centralizada nesse painel têxtil. Em determinados momentos dessas canções, as alternâncias de luzes com transições mais lentas traziam profundidade e dramaticidade aos temas das canções.

 

 

Byford, extremamente carismático, faz uma enquete com a plateia sugerindo duas das mais pedidas, para que houvesse uma ordem estabelecida pelos fãs mais fervorosos. Venceu “Crusader” (faixa título do álbum de 1983) seguida de “Ride Like the Wind” (do álbum “Destiny”, de 1988), que de fato é cover do cantor e compositor estadunidense Cristopher Cross, originalmente lançada em 1980. Para essas canções, dinâmicas que valorizavam intensidade verticalizada ou movimentos ondulantes criavam atmosferas hipnóticas e envolventes.

 



Banda Saxon em Curitiba – Teatro Ópera de Arame (14/11/2023). Fonte: Cezar Galhart

 

 

Para finalizar a primeira parte, “Strong Arm of the Law” (terceira faixa do álbum homônimo de 1980), “Solid Ball of Rock” (canção que abre o álbum de mesmo nome de 1991), “And the Bands Played On” (do álbum “Denim and Leather”, de 1981) e “Wheels of Steel” (clássica canção do álbum com esse título de 1980). Novamente, uma mescla de diversos recursos propiciou um fechamento intenso e vigoroso.

 

 

Encerrada essa etapa, a banda, ainda no palco, sugeriu mais duas canções “The Pilgrimage” (também de “Carpe Diem”) e “747 (Strangers in the Night)” (uma das mais pedidas de “Wheels of Steel”, clássico álbum de 1980) para o primeiro bis. A plateia, imersa em luzes que ultrapassavam o proscênio e atingiam as primeiras fileiras, já integrava o espetáculo como um elemento imprevisível capaz de refletir e complementar as luzes, interagindo como integrantes de uma cenografia improvável.

 


Banda Saxon em Curitiba – Teatro Ópera de Arame (14/11/2023). Fonte: Cezar Galhart

 

 

Para o segundo bis, ovacionados pela plateia, duas canções do álbum “Denim and Leather” de 1981: a faixa-título e “Princess of the Night”, para encerrar com chave de ouro um dos mais surpreendentes espetáculos do ano em Curitiba. Possivelmente, nesta última, os efeitos (com gobos) tenham se destacado, com filigranas esverdeadas que formavam uma trama com cores complementares (vermelho), desfeita pela dispersão de fachos para um final apoteótico.

 

 

A consistência de canções, generosamente ilustradas no palco com luzes instigantes e diversificadas, tornou o show da banda Saxon um acontecimento memorável, tão esperado pelos fãs que, em uma relação de estímulo-resposta, propiciaram interações empolgantes, visivelmente correspondidas pela banda que em reciprocidade apresentou um repertório impecável e vigoroso, abrilhantado com uma iluminação cênica envolvente e fascinante!

 

 

Abraços e até a próxima conversa!!!

 

 

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