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REPORTAGENS / Colunas

A difícil experiência do áudio Imersivo

07/08/2024 - 10:41h
Atualizado em 07/08/2024 - 23:22h


 

A experiência de escutar músicas e assistir filmes está passando por uma transformação profunda, especialmente com a chegada do áudio imersivo. No passado, a música era ouvida em "mono", depois evoluiu para "estéreo" e, agora, estamos entrando na era do áudio "imersivo". Esse avanço tecnológico, impulsionado pelas grandes Big Techs, permite que os ouvintes tenham uma experiência de som tridimensional, dando a sensação de estarem imersos no áudio, como se estivessem dentro da música ou do filme. Para os entusiastas de música e cinema, essa inovação proporciona uma qualidade de áudio extraordinária, muito além dos canais esquerdo/direito tradicionais.

 

 

Com o áudio imersivo, a experiência auditiva é elevada a um novo patamar. Mesmo usando fones de ouvido convencionais, é possível notar uma diferença significativa, mas o verdadeiro potencial é liberado com um sistema de áudio imersivo residencial. Esta tecnologia utiliza avançadas técnicas de engenharia de som para criar a ilusão de um campo sonoro tridimensional, permitindo que o ouvinte sinta sons vindos de todas as direções, incluindo de cima e de baixo. Ao contrário dos sistemas estéreo tradicionais, que limitam a percepção sonora aos eixos horizontal e vertical, o áudio imersivo adiciona a dimensão da altura, oferecendo uma profundidade auditiva adicional e uma experiência muito mais realista.

 

 

Para produtores musicais e engenheiros de mixagem e masterização, o advento do áudio imersivo representa uma grande mudança no mercado de trabalho. Historicamente, a parte visual de filmes sempre recebeu mais atenção, com uma evolução notável da qualidade de imagem de SD para 8K. No entanto, o áudio ficou um pouco para trás nessa evolução. Agora, com a popularização do áudio imersivo, espera-se um aumento significativo no campo de trabalho para profissionais de áudio. Empresas como Apple e Amazon já oferecem serviços de áudio imersivo para seus clientes, e grandes artistas estão lançando músicas nesse formato. Além disso, produtoras de filmes e publicidade estão começando a exigir mixagens finais em configurações avançadas como 2.0, 5.1, 7.1.4 e 9.1.6.

 

 

A chegada da TV 3.0 marca um novo foco na qualidade do áudio, culminando na emergência do áudio imersivo como uma característica essencial. Isso é particularmente evidente no setor de games, que é uma indústria em rápido crescimento e que já adota o áudio imersivo para criar experiências de jogo mais envolventes. Imaginemos, por exemplo, a compra de uma nova TV equipada com tecnologia de áudio imersivo como Dolby Atmos ou IAMF (Immersive Audio Model and Formats). Essas TVs modernas, juntamente com sistemas de som compatíveis que podem ser discretamente montados na parede e sincronizados via Wi-Fi, tornam mais fácil e acessível para o consumidor desfrutar dessa nova forma de "ouvir".

 

 

 

 

Mas o que isso implica no trabalho de nós, produtores musicais e engenheiros de mixagem e masterização?

Com o aumento da demanda por áudio imersivo, surge também uma grande oportunidade de trabalho para profissionais da área. No entanto, a transição para essa tecnologia não é simples nem barata. Para estúdios de gravação, isso significa atualizar a configuração de monitoração para suportar até 16 monitores de áudio, em vez do tradicional sistema estéreo. As interfaces de áudio, antes limitadas a saídas L/R, agora precisam lidar com uma quantidade muito maior de saídas. Além disso, o custo de atualização de softwares como Logic Pro e Pro Tools, que já suportam mixagem em Dolby Atmos, deve ser considerado, assim como a necessidade de espaços de trabalho maiores e adequadamente calibrados, conforme recomendação da Dolby.

 

 

O investimento em conhecimento e treinamento é fundamental. Embora seja possível adquirir muita experiência na prática, alcançar resultados de alta qualidade no trabalho com áudio imersivo depende diretamente de cursos especializados na área. Essa tecnologia está em expansão, e além da liderança da Dolby Digital, a Samsung está introduzindo sua nova tecnologia de áudio espacial 3D, o IAMF, desenvolvida em parceria com o Google. A IAMF está prevista para ser implementada em dispositivos ainda este ano, prometendo aumentar a competitividade com tecnologias como o Dolby Atmos.

 

 

Para nós, produtores musicais e engenheiros de áudio, este é um momento crucial. Podemos ver essa mudança como um desafio, devido aos custos envolvidos em novos equipamentos e formação, ou como uma grande oportunidade de crescimento no mercado. Acredito firmemente na segunda opção, pois quando gigantes da tecnologia como Amazon, Apple, Google e Samsung adotam essas inovações, o mercado inevitavelmente seguirá essa tendência. O áudio imersivo não é apenas uma moda passageira; é uma evolução significativa na forma como experimentamos o som, e aqueles que se adaptarem a essa nova realidade terão uma vantagem competitiva significativa no mercado de trabalho.

 

 

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