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COLUNISTAS

Funcionamento e o uso do recurso mix buss

12/08/2024 - 07:49h
Atualizado em 12/08/2024 - 08:07h


 

Ok já vimos Subgrupos, DCAs, Auxiliares Pré e Pós-Fader. Agora vamos pensar nos Bus, Buss, ou Busses, também chamados de Mix Bus... Esse termo do inglês, escrito com duas letras “s” (Buss) para diferenciá-lo da palavra “ônibus”, já foi mais usado no passado. Atualmente, a tendência é  usar apenas um “s”, a menos que se vá usá-lo no plural, quando a gramática da língua inglesa requer dobrar a consoante final ficando “Busses”, no plural.

 

Podemos fazer a analogia de um Bus como uma rede de tubos em que um cano é alimentado por diversos outros canos mais finos. Cada um desses tubos afluentes tem um registro e quando abrimos o registro, permitimos que o seu conteúdo ganhe acesso ao cano de diâmetro maior. Assim, esse cano maior acaba conduzindo uma mistura (nossa mix) de conteúdos que liberamos ao abrir os registros na quantidade que desejamos.

 

 

 

Esse cano maior horizontal na ilustração acima é o que seria um Bus. Quando abrirmos um fader ou knob para enviar sinais a um destino, esses sinais trafegam por um Bus. Em nossa última oportunidade, vimos os auxiliares. Na mix que fazemos em um auxiliar (tanto pré quanto pós-fader) os sinais que enviamos de cada canal chegam à saída do auxiliar por meio de um Bus. É ele que coleta ou recebe os sinais, na intensidade em que abrimos o controle auxiliar em cada canal, e os conduz até a saída auxiliar. E então, antes do conector de saída, é comum os Busses terem um controle master para dosar o nível da mix envidada ao equipamento que a receberá. Se não enviarmos nenhum sinal para um auxiliar, o Bus desse auxiliar fica mudo sem sinal algum. Pode se verificar isso solando a master do auxiliar nos fones ou conectando um amplificador nessa saída em que não foi aberto nenhum sinal.

 

Talvez essa analogia ou descrição de um Bus auxiliar tenha estimulado a sua percepção de como a sua funcionalidade é  semelhante a o que ocorre num Subgrupo. Quando endereçamos sinais a um Subgrupo e abrimos os faders para compor a submix, esses sinais também chegarão aos masters do Subgrupo por meio de um Bus. Aliás,  ocorre a mesma coisa até mesmo nos mixers mais simples e minimalistas possíveis. Quando se abre um canal, o sinal dele cai num Bus para chegar à Master.

 

Abrindo um “zoom mental” a partir dessa analogia, a essência de uma console pode ser definida como “um mixer que contém vários mixers nela”. E cada um desses mixers coloca o mix de sinais dele num Bus ou dois Busses no caso de uma mix estéreo. Daí, além do termo Bus, temos a expressão “Mix Bus” para nos referirmos ao Bus ou Busses que conduzem uma determinada mix.

 

Estamos cada vez mais mergulhados irreversivelmente no universo de recursos digitais, devido à excelente relação custo / benefício que essa tecnologia nos oferece. Nessa economia, alguns projetistas e engenheiros devem ter coçado a cabeça e pensado:

 

“O que podemos fazer com esse Bus ocioso que o operador da mesa não precisa usar como auxiliar?”.

 

E então, alguém teve a brilhante ideia:

 

“Já que um Bus viabiliza criar mais uma mix, que tal oferecermos a opção de usar esse Bus que ele não precisa como auxiliar como mais um Subgrupo?”!

 

Assim, temos consoles que permitem ao usuário determinar se os Mix Busses na console serão usados como auxiliares ou subgrupos.

 

Nessa opção de um Mix Bus servir como Auxiliar ou como Subgrupo, tanto uma mix  quanto a outra recebem o seu processamento, e nível final antes de chegarem no seu destino. Mas existe uma diferença importante. Enquanto um Auxiliar entrega o seu conteúdo diretamente ao conector físico ou virtual de saída, o sinal de um Subgrupo ainda passará por mais uma etapa. Isso porque, após ajustarmos o nível da mix de um subgrupo, ela é tipicamente enviada para mais um bus: o Master Bus, que reúne os sinais mixados em todos os Subgrupos para, então, terem o seu nível final definido e poderem ser processados e enviados à saída física ou virtual da console. Confira na ilustração abaixo as semelhanças e diferença de Bus Auxiliar na esquerda com os Bus de Subgrupos na direita.

 

 

 

Então, pensando com essa perspectiva sobre os Mix Busses, o que é que eles nos permitem na prática? O primeiro e mais básico é criarmos grupos de canais com características que nos facilitam mixar. Por exemplo, grupos de: Backing Vocais, Coral, Teclados, Bateria, Percussão.

 

Criamos esses grupos, pelos botões de endereçamento em que determinamos em qual Bus ou Busses o sinal do canal trafegará. Depois, definimos o destino dos sinais nesse Bus. Tipicamente, um Subgrupo será endereçado para o Master Bus. Mas se for interessante, um Mix Bus estéreo também pode ser enviado para saídas independentes, para ser disponibilizado como Stem, que é um subcomponente da nossa mix, por exemplo de teclados, que será usado para outra mix ou gravação ou, ainda, ser destinado a uma Matriz, como veremos futuramente.

 

As consoles digitais nos permitem processar o grupo desses sinais reunidos em nossa Mix Bus tratando os seus sinais com EQ global, compressão de grupo e efeitos como reverbs etc. Depois de tratados e processados, podemos reunir esses Subgrupos dosando o nível de cada grupo na intensidade ideal para a nossa mix final na Master Bus. E como a Master Bus é, também, um Bus, ainda podemos tratar detalhes finais nela antes de enviar as nossas Mix Master para o próximo equipamento na cadeia de sinal.

 

Então, depois que recebemos do palco os componentes que iremos mixar, os Busses são os principais elementos que nos permitem estruturar a mix. Neles, nós organizamos, agrupamos processamos e  ajustamos os sinais, e por fim, determinamos o nível final com que a mix de cada Subgrupo será colocada na Master Bus. E a Master Bus conduz o conteúdo que os nossos ouvintes receberão de nós até a saída física ou virtual da console.

 

Nas consoles analógicas que ofereciam Subgrupos, a funcionalidade dos Busses como Auxiliar ou Subgrupos era predeterminada.  Um auxiliar era somente um auxiliar e usá-lo como Subgrupo só seria possível se a sua saída fosse devolvida por um cabo a um canal de entrada da mesa que poderia servir para o controle de nível e EQ global do grupo. E então, se fosse preciso comprimir ou adicionar efeitos na mix desse “Subgrupo”, ainda teria que se insertar um compressor ou módulo de efeitos pelo conector Insert. Hoje, as consoles digitais nos oferecem fazer isso de forma muito mais prática e com menor risco de expor o sinal a interferências e ruídos em conexões não balanceadas. Além de evitar a possibilidade de um mau contato que cada conexão por cabo físico oferece. As conexões virtuais ocorrem dentro da própria console em pistas de circuitos, ou circuitos integrados. Isso nos proporciona facilidade e rapidez, e a economia e leveza por não precisarmos de um monte de cabos.

 

No universo dos operadores de som, existem os que mixam mais focados na sua intimidade com sons e musicalidade e, também, aqueles que irão mixar somente após configurar todos esses caminhos de sinais dentro da arquitetura interna das consoles. Inclusive, é devido à essa complexidade que nasce da grande variedade de recursos oferecidos pelos sistemas digitais, que se torna cada vez mais presente a função do engenheiro de sistemas. Uma mix de qualidade pode ser produzida tanto pelos menos achegados aos pormenores técnicos quanto por aqueles que se debruçam sobre esses detalhes. Afinal, o básico em uma mix é equilibrar sons para produzir um mescla agradável e existem vários caminhos possíveis para se chegar nesse fim. Mas, quanto mais se compreender das ferramentas usadas para produzir a mix, mais seguro se estará de conseguir produzi-la com consistência, reforçando e até “blindando” a sua competência e a qualidade dos seus serviços seja como voluntário ou profissional.

 

Em nossa próxima oportunidade, continuaremos a nossa análise vendo os Patches, conexões físicas e virtuais que precisamos para conduzir as nossas mix aos seus destinos. Até lá!

 

 

Funcionamento e o uso do recurso mix buss
David Distler

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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