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COLUNISTAS

Compressão

28/08/2023 - 18:33h
Atualizado em 28/08/2023 - 18:58h


 

Em nossas últimas oportunidades, vimos os detalhes sobre a equalização numa mixagem. Ela é essencial para se conseguir um som limpo em que os instrumentos e vozes sejam nitidamente audíveis, como é o nosso alvo ao mixar. Porém, indo além das frequências, quando mixamos, também temos a preocupação com o nível dos instrumentos, deixando cada um audível e em um nível coerente com o gênero musical. Novamente, podemos ter maior ou menor facilidade em nossa tarefa, dependendo da habilidade e técnica dos músicos e da qualidade dos seus instrumentos. Mas, pelo menos na minha experiência, foram raras as vezes que a mix veio “pronta” do palco.

 

O básico para controlar o nível de um componente na mix é o uso dos faders de cada canal. E para simplificar o nosso trabalho, é recomendável agrupar os elementos da mix em subgrupos e por meio dos VCAs ou DCAs que nos permitem controlar grupos de diversos canais (com conteúdo semelhante) por meio de um único fader.

 

Mas, por mais que a nossa distribuição e organização dos canais em grupos nos ajude a manter os elementos da mix dentro dos níveis desejados, ainda estamos sujeitos a uma voz ou instrumento subir demais encobrindo outros elementos e desequilibrando a mix. A solução da tecnologia que vem ao nosso auxílio é a compressão. Há não muito tempo atrás, era feliz quem possuía uns três ou quatro compressores para controlar a dinâmica dos sons nas suas mix. Atualmente podemos agradecer aos avanços da tecnologia de áudio digital, pois até mesas pequenas de 8 canais oferecem compressão por canal e nas saídas.

 

Mas como se usa a compressão? Como toda ferramenta, o seu mau uso pode comprometer a qualidade. Então, vamos considerar a sua funcionalidade. Uma das vantagens que a compressão oferece ao operador é o controle quase instantâneo da amplitude, de quanto sobem os picos do sinal de áudio ou, até mesmo, o controle do sinal todo, se a compressão for pesada. Assim, um dos seus usos principais é ajudar a domar os níveis produzidos por uma voz, instrumento ou até de uma mix inteira.

 

Mesmo que um operador experiente estivesse com a mão no fader de um canal em que o nível de sinal aumentasse rapidamente, seria impossível ele o controlar com a velocidade e precisão oferecidas pela compressão, porque ela monitora o sinal e atua eletronicamente. E podemos ajustar a compressão para atuar apenas nas partes do sinal que desejamos (os picos ou com compressores multibanda apenas determinadas frequências). Assim, em contraste com apenas recuar o fader, baixando todo o sinal do canal, o compressor pode atuar apenas nas partes mais fortes do sinal, evitando que se sobressaiam aos demais instrumentos, enquanto permite que os componentes mais suaves do sinal permaneçam inalterados.

 

Antes de entrar nos ajustes da compressão, cabe deixar este alerta essencial: como a compressão trabalha com níveis de sinal, é extremamente importante que o compressor seja ajustado depois de feito o ajuste de ganho (o primeiro passo em qualquer trabalho com mixagem) e, na prática, depois que a banda tiver tocado uma ou duas músicas na passagem de som, para já estarem tocando com se estivessem na apresentação. Caso contrário, os ajustes do compressor não produzirão o efeito desejado. E, mais uma vez, é preciso ressaltar com os músicos a importância de manter os seus níveis uniformes para serem mixados.

 

A inteligência artificial avança rapidamente, mas enquanto ela não estiver incorporada em nossas consoles, será preciso que nós determinemos os parâmetros da compressão. O primeiro passo para determinar o funcionamento de um compressor é informar a partir de que ponto nós queremos que ele atue. Fazemos isto no ajuste do limiar ou Threshold. Deixando o limiar no mínimo, o compressor atuará sobre praticamente qualquer sinal que passar por ele. Subindo o limiar, estaremos informando ao compressor que ele só deve começar a atuar após o sinal passar deste nível de limiar que estabelecemos.

 

O próximo ajuste é o do ataque ou Attack. Neste controle, determinamos o tempo que o compressor esperará para atuar, após o sinal cruzar o limiar. Com o controle de ataque no tempo mínimo, o compressor atua quase que imediatamente. Isto talvez não seja desejável, pois, dependendo dos demais parâmetros, atuar imediatamente, alterando o início do envelope do sinal, pode descaracterizar o som do instrumento.

 

Entender o que é esse “envelope” de um sinal nos ajuda a compreender a funcionalidade de um compressor. Podemos definir o envelope como sendo o resumo da energia de um sinal ao longo do tempo. A pegada inicial numa corda, pele ou tecla do instrumento gera um pico, também chamado de Attack, em que a energia parte do zero até a sua intensidade máxima. Cuidado para não confundir esse pico chamado Attack com o tempo que o compressor leva para iniciar a sua atuação. Após uns instantes, perde se um pouco dessa energia inicial e o sinal decai na fase de Decay. A seguir, a corda, pele ou som eletrônico do instrumento pode ressonar, sustentando-se por um tempo na fase de Sustain. E por fim, a sua energia começa a se esgotar na fase de Release.

 

 

 

 

Voltando ao ajuste do compressor, se quisermos preservar o impacto inicial de uma baqueta na pele de um tambor ou a característica sonora da pegada do dedo numa corda do baixo, deveremos aumentar o tempo de ataque, para que o compressor só inicie a sua atuação depois de deixar passar este componente inicial do som. Passado este tempo do Attack, o compressor atuará.

 

Com o  limiar devidamente ajustado, quando o sinal é gerado pelo músico, o pico sonoro do ataque começa a se elevar. Em algum momento, ele cruza o limiar e isto autoriza o compressor a atuar sobre ele logo que acabar o tempo de espera que determinamos no ajuste do Attack. O compressor atuará reduzindo o sinal na proporção que determinarmos no Ratio. Veja a ilustração abaixo.

 

 

 

 

 

Na ilustração acima o envelope do som original, o que chegou na entrada do nosso canal ou compressor,  está escurecido e o novo envelope produzido pelo compressor aparece em primeiro plano. Logo após a curva começar a mudar de amarelo para laranja o sinal cruza a linha pontilhada em que ajustamos o Threshold. A partir dali, temos alguns milissegundos determinados no Attack e então o compressor está liberado para reduzir o pico do envelope produzido pelo músico, na taxa de compressão que determinamos no Ratio. Isto ilustra como o compressor atua apenas contendo a energia do pico no ataque.

 

O último controle para ajustar o compressor é o Release, ou seja o tempo para ele deixar de atuar sobre o sinal depois que este cruzou o limiar.  Aqui deve se tomar o cuidado para não deixar um tempo muito curto pois se o tempo do Release se acabar enquanto o nível de sinal ainda estiver forte, ele subirá de repente, causando um efeito muito esquisito no som.

 

A taxa de compressão é sempre expressa numa relação entre dois números em que o segundo número, referente ao sinal de saída do compressor, é sempre 1. Então, o que nós ajustamos no Ratio é o primeiro valor na proporção, informando ao compressor em que taxa ele deverá reduzir o sinal de entrada mantendo a saída sempre em 1. Nas mesas digitais, as telas de ajuste de compressão costumam exibir  um gráfico em que vemos a proporção em que o sinal é comprimido a partir do limiar. Observe a ilustração abaixo.

 

 

 

 


Neste exemplo, o Threshold está ajustado em -40dB. No primeiro gráfico, temos o Ratio ajustado na taxa de 1.5:1. Isto significa que após o sinal de entrada ultrapassar o limiar, ele terá que subir 1,5dB para produzir um aumento de 1dB na saída do compressor. Supondo que o sinal de entrada alcançasse 0dB subindo 40dB acima do limiar, o compressor atuaria e o sinal na sua saída chegaria a uns 27 dB que são os 40 da entrada divididos pela taxa de compressão de 1,5 (26,67).

 

O segundo gráfico é mais intuitivo. Com a taxa de compressão em 2:1, após o sinal cruzar o limiar, o sinal de entrada precisa subir 2 dB para produzir um aumento de 1dB na saída do compressor. Quando o sinal subir 40dB além do limiar, alcançando o 0dB, o sinal da saída terá subido apenas 20 dB porque a relação de 2:1 equivale à metade.

 

Pulando para o Ratio de 4:1, quando o sinal de entrada bater em  0dB, o sinal de saída terá subido um quarto dos 40dB, ou seja apenas 10 dB acima do limiar.

E para um Ratio de 6:1, o sinal na saída subirá apenas uns 7dB acima do Threshold (40/6=6,67).

O último gráfico nos mostra a função do Limiter no Ratio de ∞:1. E aí, por mais que o sinal de entrada suba, o sinal de saída não passará um dB do nível de -40dB determinado no Threshold.

 

Compreender esta mecânica das taxas de compressão é importante para o nosso embasamento técnico, mas vale o conceito que já foi colocado quando vimos a equalização: o som que nós mixamos será apreciado pelos ouvidos, portanto, não devemos ficar fazendo contas e sim deixar este conhecimento em segundo plano apenas usando-o para confirmar aquilo que ouvimos caso surgir dúvida. Então, enquanto este lado mais matemático tem a sua utilidade, ao escolhermos as taxas de compressão precisamos adotar outro raciocínio.

 

Como estes números da ilustração ilustram, os compressores são ferramentas que nos permitem influenciar profundamente um sinal. Quando os usamos estamos alterando a dinâmica dos sons que recebemos na console. Esta dinâmica é a variação da intensidade sonora que caracteriza uma voz ou instrumento e ela pode variar com a técnica adotada pelo músico. Daí, vemos que quando aplicamos a compressão, precisamos estar conscientes de o que queremos fazer. Pois como engenheiros de som, devemos transmitir a linguagem e sentimento produzido pelos músicos aos ouvintes, sem os alterar drasticamente, pois isto acaba sendo uma forma de distorção, ao não permitir que o som que passa pelas nossas mãos chegue com fidelidade a quem o ouve.

 

Voltaremos com mais sobre compressão em nossa próxima oportunidade. Até lá, se tiver a possibilidade, vá se familiarizando com os controles comentados e principalmente os seus efeitos sobre o sinal. Até lá!

 

 

Compressão
David Distler

COMENTÁRIOS

O capacitor envelhece em um equipamento pouco usado também? Ou ele degrada principalmente com o uso? Por exemplo, um equipamento da década de 80 muito pouco usado precisaria de recap por desgaste do tempo?

- Henrique M

Ótimo, vai ajudar muito! Cesar é fantástico, ótima matéria!

- adriano vasque da

Saudades da Paranoia saudável que tínhamos no Freeeeeee Jazzzzzz Festival (imitando Zuza em suas apresentações magnificas) Parabéns Farat Forte abraço

- Ernani Napolitano

Artigo incrivel! Extremamente realista e necessário, obrigado mestre!

- Jennifer Rodrigues

Depois de 38 anos ouvindo o disco, eis q me deparo com a história dele. Multo bom!! Abrss

- Fernando Baptista Junqueira

Que maravilha de matéria, muito verdadeira é muito bem escrita, quem viveu como eu esta época, só pode agradecer pela oportunidade que Deus me concedeu. Vou ler todas, mas tinha que começar por esta… abraços…

- Caio Flávio

Só li verdades! Parabéns pela matéria Farat

- Guile

Ótimo texto Zé parabéns !!!!! Aguardando os próximos!!!

- Marco Aurélio

Adoro ver e rever as lives do Sá! Redescobri várias músicas da dupla valorizadas pela execução nas "Lives do Sá". Espero que esse trabalho volte de vez em quando. O Sá, juntamente com o Guilherme Arantes e o Tom Zé, está entre os melhores contadores de casos da MPB. Um livro com a história da dupla/trio escrito por ele seria muito interessante!

- Bruno Sander

Ontem foi um desses dias em que a intuição está atenta. Saí a caminhar pela Savassi sabendo que iria entrar naquela loja de discos onde sempre acho algo precioso em vinil. Já na loja, fui logo aos brasileiros e lá estavam o Nunca e o Pirão de Peixe em ótimo estado de conservação, o que é raríssimo. Comprei ambos. O 2º eu já tinha, meio chumbado. O Nunca eu conhecia de CD, e tem algumas das músicas que mais gosto da dupla, p. ex. Nuvens d'Água (acho perfeita), Coisa A-Toa (alusão à ditadura?), e outras. Me disseram que o F. Venturini é fã do Procol Harum, e realmente alguns solos de órgão dele fazem lembrar a banda inglesa.

- João Henrique Jr.

Que maravilha de matéria. Me transportei aos anos de ouro da música brasileira

- Sidney Ribeiro

Trabalho lindão. Parabéns à todos os envolvidos!

- Anderson Farias de Melo

O que dizer do melhor disco da música nacional(minha opinião). Tive o prazer em ver eles como dupla e a volta como trio em um shopping da zona leste de sampa. Lançamento do disco outra vez na estrada. Espero poder voltar a vê-los novamente, já que o Sa hoje mora fora do Brasil. E essa Pandemia, que isolou muito as pessoas. Obrigado por vocês existirem como músicos, poetas e instrumentistas. Vocês são F..., Obrigado, abracos

- Luiz antonio Rocha

Que maravilha Querido Paulinho Paulo Farat!! Obrigado por dividir conosco momentos tão lindos , pela maravilha de pessoa e imenso talento que Vc sempre teve, tem e terá, sempre estará no lugar certo e na hora certa ! Emocionante! Tive a honra de trabalhar muitas vezes com Vc, em especial na época do Zonazul , obrigado por tudo, parabéns pela brilhante carreira e que Deus Abençõe sempre . Bjbj

- Michel Freidenson

Mais uma vez um texto sensacional sobre a história da música e dos músicos brasileiros. Parabéns primo e obrigado por manter viva a memória dessas pessoas tão especiais para nós E vai gravar o vídeo desta semana! Kkkk

- Carlos Ronconi

Grande Farat!!! Bacana demais a coluna! Cheio de boas memorias pra compartilha!!!

- Luciana Lee

Valeu Paulo Farat por registrar nosso trabalho com tanto carinho e emoção sincera. Foram momentos profissionais muito importantes para todos nós. Inesquecíveis ! A todos os membros de nossa equipe,( e que equipe! ) Nosso Carinho e Saudades ! ???? ???????????????????? Guilherme Emmer Dias Gomes Mazinho Ventura Heitor TP Pereira Paulo Braga Renato Franco Walter Rocche Hamilton Griecco Micca Luiz Tornaghi Carlão Renato Costa Selma Silva Marilene Gondim Cláudia Zettel (in memoriam) Cristina Ferreira Neuza Souza

- Alberto Traiger

Depois de um ano de empresa 3M pude fazer o bendito carnê e comprei uma vitrolinha (em 12X) e na mesma hora levei Pirão, Quatro (Que era o novo), Es´pelho Cristalino e Vivo do Alceu, fiquei um ano ouvindo e pirando sem parar, depois vi o show do Quatro em Campinas. Considero o mais equilibrado de todos, sendo que sempre pendendo pro rural e nem tanto pro urbano, um disco atemporal podendo ser ouvido em qualquer situação, pois levanta o astral mesmo. No momento, Chuva no campo é ''a favorita'', mas depois passa e vem outra, igualzinho à aquela banda de Liverpool, manja????

- Ademilson Carlos de Sá

B R A V O!!! Paulo Farat não esqueça: “Afina isso aí moleque!” Hahahaha Tremendo profissional, sou teu fã, Grande abraço!

- Dudu Portes

Show é sensacional. Mas a s sensação intimista de parecer que a live é um show particular, dentro da sua casa, do seu quarto, é impagável. Parabéns família, incluindo Guarabyra e Tommy...

- Ricardo Amatucci

Paulo Farat vai esta nas lives do Papo Na Web a partir de amanha apresentando "Os Albuns Que Marcaram As Nossas Vidas"" Não percam, www.facebook.com/depaponaweb todas as terças-feiras as 20:00 horas

- Carlos Ronconi

Caro Luiz Carlos Sá, as canções que vocês fazem são maravilhosas, sinto a energia de cada uma. Tornei-me um admirador do trabalho de vocês no final dos anos 1970 com o LP Quatro e a partir de então saí procurando os discos de vocês, paguei um preço extorsivo pelo vendedor, os LP's "Casaco Marrom" do Guarabyra e "Passado, Presente e Futuro" (primeiro do Trio), mas valeu. tenho todos em LP's e CD's até o Antenas, depois desse só em CD's e o DVD "Outra Vez Na Estrada" exceto o mais recente "Cinamomo" mas em breve estarei com ele para curtir. A última vez que vi um show da dupla (nunca vi o trio em palco), foi no Recife no dia 16/04/2016 na Caixa Cultural, vi as duas apresentações. Levei dois bolos de rolo pra vocês, mas o Guarabyra não estava. Quero registrar que tenho até o LP "Vamos Por Aí", todos autografados, que foi num show feito no Teatro do Parque, as apresentações seriam nos 14,15 e 16/10/1992 mas o Guarabyra perdeu o voo e só foram dois dias, no dia do seu aniversário e outro no dia 16. Inesquecível. Agora estou lendo essas crônicas maravilhosas. Grande abraço forte e fraterno e muita saúde e sucesso pra vocês, sempre. P.S. O meu perfil no Facebook é Xavier de Brito e estou lá como Super Fã.

- Edison Xavier de Brito

Me lembro de ter lido algumas destas crônicas dos discos quando voce as publicou no Facebook em 2013, Sá. Muito emocionante reler e me emocionar de novo. Voces foram trilha sonora importantíssima dos últimos anos da minha vida. Sou de 1986, portanto de uma geração mais nova que escuta voces. Gratidão e vida longa a voces!

- Luiz Fernando Lopes

Salve!!! Que maravilha conhecer essas histórias de discos que fazem parte da minha vida. Parabéns `à Backstage e ao Sá! E, claro, esperando a crônica do Pirão. Esse disco me acompanha há mais de quarenta anos! Minhas filhas escutaram desde bebês e minha neta, que vai nascer agora em setembro, vai aprender a cantar todas as músicas!

- Maurício Cruz

com esse time de referências musicais (exatamente as minhas) mais o seu talento, não tem como não fazer música boa!!!! parabéns!!! com uma abraço de um fã que ouve seus discos desde essa época!

- nico figueiredo

Boa noite amigo, gostei muito das suas explicações, pois trabalho com mix gosto muito mesmo e assistindo você falando disso tudo gostei muito um abraço.

- Rubens Miranda Rodrigues

Obrigado Sá, obrigado Backstage, adoro essas histórias, muito bom, gostaria de ouvir histórias sobre as letras tbém, abç.

- Robson Marcelo ( Robinho de Guariba SP )

Esperando ansioso o Pirão de Peixe e o 4. Meu primeiro S&G

- Jeferson

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